quinta-feira, 28 de maio de 2015

365 dias de Detox.

 Pois é, cheguei aos 365 Dias de Detox de gastos! Acabou, foi no domingo dia 24 de maio. Nem eu acredito que cheguei até aqui. Não posso dizer para vocês que fui perfeita em todos os dias, mas minha intenção sempre aprender e isso posso dizer que aprendi.
 Tive minhas tentações ao longo desse caminho, como quando não resisti à um scarpim que custava R$179,90 e estava por apenar R$49,90, não aguentei, quando vi já tinha comprado... Mas enfim, como disse uma querida, não podemos andar pelados...
 Me culpei, me desculpei comigo mesmo, depois me culpei e pensei, não, não fiz promessa, até porque não acredito em promessas, pragas, em você prometer coisas materiais ao mundo espiritual em troca de favores materiais. Acredito em aprendizado e lição de vida.
 No comecinho do detox eu estava fazendo a loucura de sair de casa para meus compromissos e voltar correndo para almoçar em casa, ou sair somente depois do almoço, minha vida estava vivendo um inferno, mas eu queria aprender até que ponto eu posso comer fora de casa, porque meu problema de consumismo era em tudo, comer fora, comprar roupas, comprar livros, porque sim, amo ler, sempre tenho um livro na mão e um em casa bolsa, leio sempre 3 ao mesmo tempo, para não enjoar, mas eu andava mais preocupada em comprar do que ler... Eu estava exagerada em tudo, não sei, vida nova, casamento, maternidade, virar dona de casa, sendo que meu sonho era ser executiva, deixei de trabalhar por livre e espontânea vontade, mas não achei que a prática seria tão difícil, não achei que a vivência fosse muito mais difícil do que a linda teoria que criei em cima disso.
  Enfim, fazia tempos que eu estava tentando economizar e limpar meu nome e queria aprender a lidar com meu dinheiro, desde que resolvemos trocar de apartamento. Só que eu não estava conseguindo, até o dia que compramos ele de fato, aí ferrou minhas amigas... Fomos tetar aprovar o financiamento, e o nome da bonita não passou por causa do monte de cheques devolvidos... Pagamos os cheques e resolvi me dar um choque, por isso inventei esse detox de gastos. Falei, agora ou nunca, preciso resolver minha vida e aprender.
 Fui radicalíssima no começo, nem cafezinho eu tomava, até o primeiro, aí eu vi, meu, não tem nada demais eu tomar um cafezinho na rua, sendo que estou à quilômetros de casa morrendo de fome e carregando crianças... Assim como almoçar, me senti culpada no primeiro dia e depois vi que como eu como comida, colocação de uma querida leitora também, não tem nada demais. Não costumo comer porcarias e não dá para fazer essas loucura com crianças, de sair antes ou depois do almoço. Se eu estava na rua, ou indisposta, enfim, podia comer fora, desde que não fosse consumismo puro...
 Os primeiros seis meses foram ferro e fogo, mas meu nome ficou limpo, não devo mais nada para ninguém e comecei a ver que não, não é justo eu não ter nem um real e não poder tomar nem um café, sim, porque os seis primeiros meses foram na marra, já que fiquei sem um centavo durante todo esse tempo, sendo que tenho filhos e cuido de toda a casa sozinha já que meu marido trabalha demais e fica a maioria dos dias fora de casa viajando a trabalho.
 A culpa era tão grande que eu até deixei essa situação durar seis meses. Li um livro da Sandra Blanco: Mulher inteligente, recomendo a todas que me abriu a mente e me disse, não, peraí, tem alguma coisa errada, independente de qualquer coisa eu não posso ficar sem um real. Isso é injusto, eu sou a dona da casa, a mulher e mãe dos filhos. Resolveu durante 3 meses, mas aí saiu o documento do apartamento que estávamos aguardando à 11 meses só e pronto, já era, estou desde 17 de março sem um real de novo.
 Tudo bem, tudo bem, com apartamento novo e feliz da vida com a mudança, mas tendo que fazer tudo na marra, na base do grito e às escondidas... Só que diferente de antigamente, não estou me endividando, e sim fazendo coisas para a casa nova. É um desaforo escutar gritos e berros porque comprei lixeiras para a casa nova, mas não estou nem aí...
 Esse foi meu detox, aprendi que não, não posso comprar 20 pares de sapatos, um de cada cor, mas também tenho que cuidar de mim, às vezes preciso de algumas coisas, não posso andar pelada, não é justo eu ficar a semana toda sozinha com crianças e não ter um real para emergências e não, não tenho que comer só em casa. Afinal faço comida somente para mim, não sou obrigada a cozinhar o dia inteiro sempre...
 Terminei o detox feliz, porque meu objetivo eu consegui, aprendi que não é só pão e água, assim como também não é só caviar. Meu objetivo sempre foi conseguir trocar de apartamento já que eu não estava contente no anterior, ele não estava suprindo nossas necessidades como família e estávamos enlouquecendo lá dentro.
 Chegou uma época que achei que o apartamento ia sair beeeem antes do detox, pois compramos aqui em abril do ano passado, mas por coincidência ou não, dizem que elas não existem, foi mais ou menos ao mesmo tempo.
 Consegui o que eu queria, consegui a casa que eu queria, ou melhor que eu queria, foi mais que eu queria, achava que merecia, ou imaginava que conseguiria, foi bem mais, estou me sentindo muito abusada...
 Muitas coisas acontecerem nesse tempo, muitos objetivos e idéias foram gerados.
 Eu comecei esse blog com o intuito de aprender a economizar e escrever tudo em detalhes o que eu estava fazendo para isso, dispensar a empregada, fazer unhas e cabelos em casa, parar de comer em restaurante quase todo santo dia, aprendi a cozinhar e tudo... Aprendi a usar todas as minhas roupas em combinações com o que eu já tinha, tentando usar a criatividade. Sempre usei tudo que comprei, mas estava meio alucinada sempre achando que nada combinava com nada, parei de comprar e estou usando tudo até acabar. Engraçado que achei que is guardar um dinheiro nesse meio tempo, mas não guardei, já que não recebi nem um real, só tive dinheiro em janeiro e fevereiro, do resto...
 Sei que minha intenção sempre foi escrever um livro, já o comecei quando eu era criança, mas minha família não gostava do que eu escrevia, pois sempre fui bem direta e rasgavam tudo que eu escrevia, queimavam, me chiangavam e fiquei com um bloqueio de escrita durante anos e durante anos eu quis escrever alguma coisa. Resolvi abrir esse blog para isso, pois pensei, no blog posso escrever e fica tudo salvo, já que às vezes que tentei escrever pelo word eu perdi tudo. Nunca imaginei que alguém leria isso. Me sinto honrada por vocês terem lido alguma coisa.
 Quando comecei pensei em escrever até conseguir o apartamento, consegui, mas como fiz o propósito de 365 dias, resolvi ir até o final dele. Minha intenção era fechar ele depois disso.
 Acontece que gostei disso, é uma puta terapia até para eu mesma quando o releio, vou continuar com o blog, continuar aprendendo a economizar e continuar a contar minhas experiências como esposa, mãe e administradora de uma família e uma casa, continuar falando de política e da minha revolta com as coisas. Sou um revoltada de nascença.
 Estou devendo uns textos que escrevi no final do ano e estão manuscritos, ainda não publiquei, não tive tempo com essa mudança de casa, marido e filhos... Vou publicar ainda... Só não sei quando...
 Só que meu objetivo chegou ao fim, consegui minha historinha para um livro. Vou pegar essa experiência desde o começo do blog até exatamente hoje, que sem graça né, já estou contando o final para vocês, que não é o felizes para sempre, mas é bem feliz, pois consegui duas coisas, terminar meu livro e comprar meu apartamento.
 Vou transcrever para o word e publicar on line gratuitamente para quem quiser, meu objetivo contra o consumismo continua o mesmo, não acho justo eu escrever um livro falando sobre como economizar e sobre como eu economizei e cobrar por isso, não tenho essa pretensão. Vou publicar pela internet gratuitamente. Lógico que se um dia ele for impresso, coisa que não vou correr atrás para isso, provavelmente terá um preço pelo material, acredito que seja isso.
 Enfim, mas não sou escritora, somente uma amante da leitura e escrita, não sei quanto tempo levarei para copiar, colar, editar e publicar esse livro, pois farei isso sozinha e meu dia é bem corrido, meus filhos não me deixam fazer nada, para escrever esse texto foi um inferno e quase desisti...
 Amo vocês meninas e meninos também, pois teve homens que também leram, obrigada pelo carinho, não esperava mesmo de verdade, nunca pensei que alguém iria ler alguma coisa que eu escrevesse, mas internet é assim, blogueiros são assim, não sou blogueira, detesto esse título, mas adorei esse negócio de escrever em blog.
 Nos vemos. Continuarei, estou feliz pois me sinto vencedora, nunca consegui fazer nada até o fim na minha vida e só esse ano já consegui duas. Me sinto uma vitoriosa por ter superado a mim mesma.
 Beijos. Fiquem com Deus.


quinta-feira, 21 de maio de 2015

Aceitação!!!!

Resolvi mudar minha vida e resolvi aceitar, não tem o que fazer. Tentei, busquei, lutei, sonhei, mas vi que nem tudo depende de mim. A única coisa que depende de mim é aceitar ou não aceitar.
 Meu marido é um grosso, ele é e pronto e não sou eu quem tenho culpa dele ser assim, sempre foi e sempre será. Quem será que eu pensava que eu era que achava que teria a capacidade de mudar a personalidade de alguém?
 Ele fala alto para cacete, grita demais sempre, tanto de alegria quanto quando está com raiva, fala sem parar o dia todo parecendo uma matraca velha e aí? Ele sempre foi assim e eu casei.
 Como não acredito em divórcio, tenho que aceitar. Meus filhos precisam de um pai, sim, precisam, uma família precisa ser completa e farei o que estiver ao meu alcance para manter a minha. Para manter a minha tenho que baixar a cabeça algumas vezes e aceitar.
 Percebi com o tempo que o que me deixa irritada não é a grosseria dele, mas sim quando eu reajo mal e fico da mesma forma, e grito também e falo palavrões e ofendo tentando me defender. Tenho certeza que ninguém tem que ser pisoteado por ninguém, mas como vejo que ele usa inclusive minha própria defesa contra mim, deixa ele para lá. Quer gritar, espernear, humilhar, falar desaforos, fale, não darei mais atenção. Quero que se exploda. Meu ideal sempre foi que a partir do momento que eu me casasse e tivesse filhos que seria para sempre, pois é para sempre e nem o marido que é um ogro vai me fazer mudar de ideia com relação a isso. Como eu já disse, o defeito desse é a grosseria, poderia ser milhões de outros, podia jogar, beber, incomodar, sair, trair, enfim, existem uma infinidades de defeitos e acredito que com a estupidez dele eu posso conviver, cada um escuta o que quer e como não estou mais disposta a ligar para os chiliques, dê seus chiliques que eu pretendo continuar fina e chique, esse é meu objetivo. Aceitação.
 Minha filha acorda às sete todos os dias, agora que mudamos ela está acordando as seis, sei lá, está eufórica com a mudança, não sei. Todo dia as 4 e às 6 e fica o dia todo, até a noite no 220 v. Não aguento mais, não tenho mais forças. Ela não obedece, não come, não faz nada do que peço, nada. Só come macarrão, ovo, pão, bolachas, água de coco, frutas e sucos de frutas. Lembro e me arrependo tanto de tantos chiliques que eu que dei com ela, implorando para ela comer, tentando fazer ela comer, escutando os entendidos do mundo das crianças me dizendo que eu estava fazendo alguma coisa errado por isso minha filha não comia. Que arrependimento de ler aquelas matérias idiotas de 250 milhões de formas de fazer seu filho comer bem. Vai para aquele lugar!!!!!!!!!! Não existe forma de fazer seu filho comer se ele não quer. Tudo idiotice, sério!!!!! Se ele não quer comer, ele não vai e pronto!!!! Simples assim. Como me arrependo dos chiliques na cozinha, eu me matando tentando fazer uma comidinha na hora certa orque eu queria ser a mãe perfeita e ela chorando porque era só ver eu no fogão que começava a berrar e eu berrava junto pedindo pelamordedeos que ela me deixasse fazer a comida orque eu queria cuidar dela, da saúde dela e depois eu tentando fazê-la comer e ela cuspindo tudo, ou jogando no chão ou berrando e eu berrando junto dizendo, filha, eu me matei fazendo isso, agora come e ela nãooooooooooooooooooooooooooo. Ou das vezes que fui comer fora e fazia pedido especial para ela e ela olhava e na hora não ia com a cara do negócio e não comia e eu brava, filha, paguei 30 paus nesse prato, come, pelamordedeos. Sério, me arrependo, pois eu via as pessoas me olhando e eu me sentia julgada por não conseguir fazer minha filha comer, eu achava que tinha que me explicar para os outros e nunca vi que a única explicação que terei que dar na minha vida e para minha própria filha e me desculpar elo resto da eternidade por ter me estressado tanto com ela achando que ela tinha que comer... Eu só queria o bem... Tomara que ela entenda... Enfim, voltando a aceitação, é isso, comecei a aceitar que ela não come e pronto. Quer espaguete limpinho? Come aí. Hoje não tem, tem arroz, quer? Não quer? Paciência, toma seu suco que ja está de bom tamanho.
 Aceitação. Não, nada mudou, nem mudando de apartamento nada mudou. Mudou que tenho mais espaço, posso comer sentada na mesa, não preciso ficar no escuro e silêncio à noite, não posso tocar uma bateria, mas posso andar normalmente pois aqui é um pouco bastante maior.
Eu ficava muito, mas muito brava toda noite às 4 da manhã, pois ela acorda todas, toooooooooodas as noites e depois as seis, todos os dias, todos, dia santo, feriado, não importa, lá está ela, passa o dia todo cantando, pulando, berrando, dançando, brincando, quando dá cinco da tarde ela começa a dar chiliques, porrada, chorar por tudo, cai no chão, é o sono que está incontrolável e ela não quer dormir, ois quer brincar mais, chega seis e meia, sete da noite sou obrigada a colocá-la na cama e esperar, só esperar. Tenho que ficar trancada dentro de casa, não posso fazer nada nem ir em lugar algum. Logo eu, a baladeira de plantão, não ficava uma unica noite em casa depois do serviço... Pois e. Minha vida social acabou, marido não faz questão nenhuma de sair, minha filha dorme cedo senão começa a me socar, não gosto de deixá-la com ninguém, reclamo que não tenho vida social, mas também não acho justo deixar minha filha na mão dos outros para eu ir em boteco, o tempo vai passar, ela vai crescer e volto à ativa. Casal tem que sair sozinho para cuidar do casamento? Não acho, quando saio ela vai junto, salvo raríssimas vezes, 4 para ser mais exata, é que era imperdível. Não fiz sozinha, o filho é do casal, o casal que aguente e passe por isso juntos, o tempo passa rápido demais.
 Nada mudou na minha vida, somente o endereço, nem o bairro mudou, kkkk, marido continua igual, eu não sabia como era casamento e estou aprendendo e é aceitação. Aceitar os limites do outro, aceitar os defeitos, todo mundo tem defeitos, não tem jeito.
 Preciso aceitar ara viver mais feliz e me tornar mais realizada. Pois fico o dia todo pensando, isso podia ser assim, aquilo podia ser assado, aquilo poderia ser diferente. Poderia, mas não e, e desse jeito, desse jeitinho. Minha vida e essa, acordar cedo, sempre fui notívaga, antes eu estava dormindo tarde, odeioooooooooo mais ainda dormir cedo, acordar nem é tão ruim, mas dormir é algo inaceitável para mim, mas nas últimas semanas meu cansaço tem sido tão grande que até dormindo cedo estou, lá elas 10 já estou em outro continente. Odeio, odeio e mais odeio, quem dorme cedo é criança, mas como tenho crianças em casa, horário tem que ser delas.
 Odeio a desobediência, o não comer, as grosserias, enfim, fico o dia todo odiando eu mesma, pois essa é a minha vida. Aceitação, ou eu aceito que é o que tem para hoje e relaxo ou vou pifar, mentalmente e fisicamente. Já não consigo mais me concentrar à séculos, empaquei no bendito O mundo é plano, o livro é sensacional, mas não estou conseguindo ler nem cardápio tamanho o meu cansaço.
 Sabem que estou vivendo melhor assim, a partir do momento que decidi aceitar, parei de gritar, que adianta gritar e espernear? Quem faz isso é minha filha de 3 anos e não adianta nada, pois quem manda sou eu e quando decido alguma coisa, ela pode espernear que não faço e pronto.
 Assim e a vida, ela e nossa mãe, não adianta berrar e espernear, é o que tem para hoje, eu aceito e tento ser feliz desse jeito, pois nada vai mudar, podemos mudar de endereço, mas as pessoas ao nosso redor serão sempre as mesmas.

terça-feira, 12 de maio de 2015

Simpatia ou desespero.

 Sempre fui falante, carinhosa, leal e sempre adorei fazer amizades e conhecer pessoas. Só que eu era um tato reservada a me abrir a novas amizades. Sei lá, meio mau humorada, achava que ciclano e beltrano não serviam para ser meus amigos. Meio seletiva, acredito que isso é de todo ser humano.
 Sempre tratei todos bem, pelo menos sempre tentei, já teve muitas vezes de perder a razão com funcionários de alguma empresa pela qualidade do serviço atendido.
 Como sempre estou em busca de ser um ser humano melhor, comecei a melhorar minha linguagem e tratamento com as pessoas. Hoje em dia tudo é homofobia, sexismo, machismo, racismo, enfim, todos os ismos e temos que tomar muito cuidado no tratamento das pessoas. Achei ótimo que hoje em dia é assim, porque quem sabe assim as pessoas começam a se tratar de uma forma melhor. Já vi e tive tanto patrão que achava que por ser o patrão tinha o direito de dar chiliques, falar palavrões, mandar funcionário para tudo que é lugar, menos despedir e mandar para a rua e pagar os direitos.
 Enfim, eu sempre tentei tratar todos bem, não necessariamente precisa ser a melhor amiga de infância de ninguém para você tratar bem.
 Ultimamente estou meio neurótica, aliás eu sou neurótica né? hahahaha, enfim, estou me achando simpática demais e com medo e pensando em até onde se pode ser legal, educada, política e até que ponto meu tratamento vip com todos pode ser desespero?
 Sempre me disseram que falo demais e eu achava legal, não acho mais. Cara, eu realmente falo pra caralho, falo demais, tento escutar, mas acho que minha boca é maior que meus dois ouvidos.
 Tenho aprendido que a boca tem que ser pequena e os ouvidos grandes, mas tenho visto que minha boca é grande demais e meus ouvidos...
 É tanto barulho aqui em casa, televisão, som, marido que fala alto pra caralho, crianças, máquina de lavar e eu implorando para todo mundo ficar quieto e não tenho um minuto de silêncio que acho que fiquei mais falante do que era. Ou sempre falei muito e não tenho espaço dentro de casa para falar que hoje em dia falo com todos.
 Ontem fui fazer uma aula, levei em torno de uns 15 minutos para conseguir estacionar o carro, vou repensar sobre ir de carro, o melhor nessa aula é ir de ônibus mesmo que me pega em casa e me deixa na frente da escola e me pega na escola e me deixa em casa (vêem, é assim que eu falo, começo um assunto e já emendo em outro.), enfim, já entrei atrasada e fiquei de blablablablabla com as meninas da recepção e a professora disse, ah, mas tá tudo bem, vai lá fazer a aula. Pensei, cacete, falo demais. Durante a aula, enquanto esperava os exercícios eu blablabla com a outra aluna e ela blablabla. Ando repensando muito sobre eu mesma, quero ser melhor, quero ser uma pessoa agradável aos outros e estou sempre achando que falei demais ultimamente.
 Estou neurótica mesmo de pensar nisso, se eu sou simpática ou desesperada. As pessoas costumam ficar minha amigas, tenho amigas de anos, desde a infância, me adoram, mas eu ultimamente sempre acho que não agradei, que falei demais, que não devia ter dito, que não devia ter falado, não devia ter sido assim ou assado. Péssimo, eu sei.
 Acho que faz parte dessa minha busca pela espiritualidade, mas é ruim demais, me sinto no tal fosso ultimamente. Sabem: De comer, rezar e amar, para se chegar ao castelo tem que passar pelo fosso, estou nesse fosso faz tempo.
 Meu fosso é esse, de não saber até que ponto estou sendo simpática demais ou desesperada. Lembro que na época que ia na terapia uma vez comentei com a psicoterapeuta que minha ajudante me pediu um sapato emprestado pois ela ia ser madrinha de um casamento. A terapeuta ficou estarrecida e me falou que isso era um absurdo, como eu dava liberdade para uma faxineira me pedir um sapato emprestado. Falei para ela, eu não acho nada demais, tenho mais de 50 pares, que me custa emprestar um sapato para ela? Sério? Não pode se misturar?
 Acho esse negócio de rico que não se mistura com pobre uma palhaçada. Pessoas são pessoas, umas com $, outras sem, umas tem mais, outras menos, assim como existem pessoas com saúde, outras sem, umas de olho claro, outras não, uma com a cor da pelo diferente da outra. São tudo pessoas e precisamos todas umas das outras, os pobres precisam dos ricos, os ricos precisam e muito, quem sabe até mais dos pobres.
 Sei que eu falo com porteiro, mendigo, segurança, garçonete, caixa do sacolão, cumprimento o tio da banca, a tia do balcão dos frios. Lembro que quando eu era criança minha mãe era assim e eu morria de vergonha que ela falava com todo mundo, eu dizia para ela. A senhora não tem que falar com todo mundo, não tem se explicar para os outros!!! Hoje vejo que estou igual ela, por influência ou não, não não sei, mas sei que se tem alguma humanidade em mim veio dela.
 Até por isso que estou me questionando tanto, será que é simpatia ou desespero? Tudo que vejo na minha mãe eu sempre vejo como eu tendo que fazer diferente, ela foi tão ruim como mãe, ela foi tão má para mim que tudo que ela faz eu quero diferente.
 Será que é por isso que questiono minha humanidade? Só que acho um absurdo você entrar num elevador com alguém e não dizer pelo menos bom dia, acho impossível passar pelos meus vizinhos que vejo todo santo dia e não dar pelo menos boa tarde.
 Tenho uma vizinha que é mãe também e lembro que eu e meu marido tirávamos sarro dela, porque ela falava com o prédio inteiro. Ela falava com tdo mundo, se ela estava lá embaixo com o filho tomando sol, passava alguém era aquele blablablalbla. Falava nossa, ela é simpática demais! Pois é, ela é uma boa pessoa e hoje em dia eu sou super amiga dela e a adoro! Se ela não fosse assim, hoje em dia não seríamos amigas. Ela até já foi algumas vezes com o filho no prédio novo para eles brincarem na condomínio,
  Acho que tenho que melhorar algumas coisas, falo demais, dizem que as pessoas tem inveja, para mim inveja não pega, não acredito nisso, o que tiver que acontecer vai acontecer com outra pessoa querendo ou não, só depende das minhas atitudes e da vontade de Deus.
 Só acho que preciso repensar o conteúdo do que falo. Já me disseram, você é mulher, mulher é assim mesmo, fala muito. Não queria ser a que fala muito, mas é complicado você ter que brigar com você mesma da hora que acorda até a hora que dorme para ser diferente. Precisar mudar tudo que eu sempre fui é muito ruim e dolorido.
 Estou numa fase, já faz alguns meses que estou virando quase uma sociopata. Não tenho mais vontade de ir nos lugares, sempre acho que agi mal, que falei demais, que falo mais que minha boca, que só falo mal da minha vida, que só reclamo, ou se não reclamo, como ultimamente, acho que estou me gabando. Não consegui a média ainda, parece que quando reclamo, estou reclamando, quando não reclamando estou me gabando da minha vida linda, doce e maravilhosa.