domingo, 20 de dezembro de 2015

Santa Dona Teresa.

 Saí de minha cidade natal com 20 ou 21 anos, não sei bem, e vim para uma grande capital de outro estado que não era o meu. Sempre amei essa capital, desde criança lembro que eu sonhava em morar aqui, que eu queria vir para cá. Nem sei porque. Tive uma boa oportunidade de trabalho por aqui,achei um apartamento maneiro para alugar, num lugar de fácil acesso, tinha uma turminha de amigos aqui, era naquela hora ou nunca.
 Ainda bem que vim, o problema foi que nunca mais quis voltar. Depois mudei de trabalho, precisei sair desse apartamento, aluguel estava caro, decidi morar com uma amiga em outro bairro, dividir um sobrado com ela pois sairia mais barato. Não deu certo com a amiga que virou arquiinimiga, quem tem uma grande amiga, não more com ela, não dá certo... Enfim,mudei para outro apartamento, voltei para o centro da cidade, de lá fui para um bairro tradicional, comecei a fazer faculdade, um bairro meio familiar assim, tive que me mudar, voltei para o centro para 2 lugares diferentes, um fui morar com um amigo meu que era cabeleireiro, namorado do meu cabeleireiro da época, mas não deu certo, voltei para o bairro, sei lá, me apeguei nesse bairro por causa da faculdade e amigos, e o boteco da faculdade, hahahahah, era o melhor, enfim, fui morar no quarto da casa de uma senhora, mas ela era um porre, queria controlar meu horário de chegar e sair, o que eu fazia, eu não tinha liberdade, fiquei 4 meses e fui morar na casa de uma outra senhorinha, a Dona Teresa. Era uma casinha, quarto, sala e cozinha nos fundos da casa dela, eu tinha que passar pelo corredor que tinha as janelas e ia lá para o fundo. A luz era um gato da casa dela, na época eu não entendia muito bem essas coisas, luz acendia ou não, tudo certo, tinha mofo nas paredes e algumas goteiras. Quando ela me mostrou a casa tinha certeza que eu ia correr, mas eu olhei e disse, sei lá, energia positiva, vou ficar sozinha, posso pagar sem aperto, ninguém vai ficar me enchendo, rola.
 Mudei na mesma semana pois não aguentava mais ficar na antiga. Levei meu colchão, umas roupas, louças e me fui. Eu tinha tv, bicicleta, cama queen, microondas, mas o meu "amigo" cabeleireiro roubou tudo. Fui viajar e ver minha família, quando voltei ele tinha vendido tudo, a casa estava vazia. ai.
 Mas não liguei, fui trabalhar na loja e compraria tudo de novo e melhor. Acabei ficando 4 anos. No começo eu ficava meio assim, estava tão traumatizada, cansada da humanidade, tinha tomado tantos tombos, que eu desconfiava até da minha sombra. Eu não tinha mais amor dentro de mim. Eu não acreditava mais em nada. Toda vez que a Dona Teresa vinha falar comigo eu pensava, vixe, será que ela vai me encher... Pensava em ficar uns 4 meses, pois ali era muito zoado e depois achar algo melhor. Mas alguma coisa ali me prendia, comecei a gostar dali. Quando ganhei a conta na loja com a recisão eu comprei tv, geladeira, fogão, panelas, arrumei a casa.
 Mudei de emprego algumas vezes, mas não consegui mudar dali. Aquela mulher era uma santa. Eu trabalhava de sábado até a uma da tarde, chegava lá pelas 3 da tarde em casa, sem ter almoçado, ela vinha, filha, você já almoçou? Tem uma comidinha aqui. Era o arroz e feijão mais maravilhoso da face do planeta. Eu levava umas cervejas para nós, sim, ela tomava cerveja, todos os dias 3 latinhas, ela adorava. Eu tomava cerveja na época, levava, comia lá, tomava uma com ela e escutava histórias maravilhosas. Como era bom conversar com ela...
 Às vezes eu chegava de manhã em casa depois das baladas, ela indo para igreja e me dizia, isso minha filha, aproveita a vida, na sua idade eu também era assim.
 Ela sempre cuidou de mim, me tratou bem, nunca me julgou, me adorava e dizia, nem te vejo filha, você sai de manhã e só chega à noite, não me dá trabalho nenhum, vive sua vida. pedi tanto isso a Deus, que viesse alguém bom. E eu que achava ela a melhor coisa do mundo. Ela me deu algo que não sabia que existia, amor incondicional. Como ela era boa, nunca vi maldade naquela mulher, gostava de conversar, não julgava, rezava o terço todos os dias, super divertida, apesar da corcunda, seus cabelos brancos, sua artrite e artrose e não escutar direito. Para ela ouvir eu tinha que quase gritar, a filha dela dizia que tinha dado o aparelho, mas ela não gostava de usar que incomodava,bem coisa dela mesmo. Ela saía com o carrinho de feira todas a manhãs e ia no mercado comprar as coisinhas da comida. Sempre tudo simples, o básico do básico. o cafezinho, o arroz, o feijão, o bife ou ovo, uma torta de liquidificar que amava, um café. era o que tinha na casa dela, mas aquilo tinha um gosto de amor, que até hoje não provei mais nada parecido...
 Conheci meu marido, essa história já contei, cheguei para ela e disse, Dona Teresa, tenho algo para contar para senhora, ela disse, já seeeei minha filha, você vai se casar com ele, não é?
 Falei, sim, ela me disse, eu já sabia minha filha, você é a segunda que vem para minha casa e sai casada. Estou triste pois vou sentir sua falta, mas feliz pois sei que te encaminhei. Você é uma filha para mim e foi uma ótima companhia nesses anos. nunca me deu trabalho e eu sempre pedi a Deus alguém como você para morar aqui minha filha. Vá com Deus e seja muito feliz,não esqueça de mim.
 Fui visitar ela algumas vezes, ela veio ao meu casamento, meu pai a agradeceu chorando por ter cuidado de mim, até então ele nunca se interessou em saber onde eu morava, pois na cabeça dele eu nunca devia ter saído do interior, quando ele a viu desabou, viu o quanto eu tinha uma raiz aqui e se arrependeu disso.
 Uns meses após o casamento engravidei, falei para ela e quando eu estava de 7 meses ela faleceu. Foi um enterro simples, ela era simples, mas com tanto amor e quem estava lá falou o quanto ela me amava e me tinha como filha, que ela dizia que ia embora feliz, pois sabia que tinha cuidado de mim.
 Sinto muito a falta dela, mas quando lembro dela eu sempre abro um sorriso, não choro. Sinto falta,mas lembro dela com muito amor.
 Tenho ela como um anjo que Deus colocou na minha vida para eu voltar a acreditar na humanidade, para me reencontrar e encontrar meu caminho. Voltei a sentir amor no coração que era uma pedra de gelo, ele voltou a bater por causa dessa santa mulher.

O Hedonismo nosso de cada dia.

Hoje acordei deprimida, não só hoje, ando muito deprimida, estou cansada, não aguento mais essa rotina de acorda, manhê tetê, manhê suco,mãe, dá paõzinho do bidu,mãe, bolacha,mãe, fiz coco. Das sete às sete é o meu expediente. Depois chega o marido, amor,olha isso,amor, pega aquilo, amor, amor, amor... Nossa, que mala que eu sou e egoísta, o sonho de todas as moçar é casar e ter filhos e eu tenho e não valorizo...
 Ando com vontade de fugir para a Índia, me internar num ashram e ficar entoando ownnnnn por meses, mas lembro da rotina do ashram que não é muito diferente da minha atual, dormir pouco, menos que o mínimo necessário, orar, fazer faxina para aprender o simples. Já estou num à 4 anos.
 Hoje acordei com vontade socar as paredes, quebrar a casa, outro dia dei uma cabeçada proposital na porta, a louca, de tão nervosa e ansiosa que estou. Criança dorme cedo, mas é como se eu vivesse numa prisão, pois apesar dela estar dormindo tenho que fazer o mínimo de barulho possível, não posso sair e já fiquei em casa o dia todo. Televisão à noite é do marido, já passei o dia todo lendo,vendo facebook, instragram, estudando, chega a noite não tenho mais saco para nada,
 Só penso, que fase, quando isso vai passar, quando vai passar essa angústia dentro meu peito, quando me sentirei feliz? Porque é tão ruim? Não tinha que ser o máximo a vida em família, porque é tão difícil, porque me questiono tanto, porque de tantos porquês se não tenho mais 5 anos de idade?
 Os dias são difíceis, para, sai daí, não mexe, não faça isso e repete 500 vezes a mesma coisa. Tem horas que perco a razão, que grito, grito muito por não me conformar que as crianças não obedecem.
 "E quando chega a noite, eu não consigo dormir, meu coração acelera...", pois é, e a noite, quando eu deveria descansar a cabeça e o corpo fico me culpando de ter perdido a razão em algum momento do dia, desejando poder voltar ao tempo para fazer diferente e ao mesmo tempo pensando que o tempo devia passar logo para eles crescerem logo e eu não ter mais que passar por isso, porque já sei que a parada de ir para a Índia não rola, afinal não posso ser aquela mãe que vai comprar cigarro e não volta mais. Vocês lembram de quantos pais na nossa época e na época dos nossos pais fizeram isso, tanto que virou uma expressão.
 Aí eu choro e me sinto a pior das criaturas, penso que eu não merecia passar por tudo isso, que programei, programei e não saiu da maneira que eu queria, é tudo tão difícil.
 Vamos respirar fundo e pensar. Não posso cair fora simplesmente, fiz, agora assumo.  É difícil, é, não pode ser melhor? Não.
 Recorro ao meu hedonismo, sempre fui uma hedonista, mas como não sou radical em nada e sempre me proponho a mudar de opinião dependendo do contexto eu deixei meu lado hedonista de lado e resolvi ser esposa e mãe. Só que abandonar esse lado não tem como. É isso que está me matando, me enlouquecendo, preciso cuidar de mim.
 O que me salva é ele, meu hedonismo, hoje acordei mal, fui dormir mal, passei a semana mal. Deixei mau marido e filhos na minha sogra para ir ao mercado sozinha, sim, ir ao mercado sozinha é um prazer, mas antes passei numa adega aqui perto, que vende um vinho artesanal super barato, comprei o artesanal, mas comprei um português bem gostoso para tomar à noite em casa, como um presente, um vinho bem gostoso só para mim, para meu prazer, não porque é barato, está na promoção ou é esquema, comprei e paguei um vinho bom para eu tomar em casa à noite. Estou me deliciando com ele nesse momento. Deixei eles para almoçar na sogra e eu parei num desses food trucks, a cidade está cheia deles, estão na moda e comi um hamburguer gourmet com fritas e um chopp (não posso comer nada disso pois sou celíaca, mas o prazer no paladar que isso dá é indescritível), não é regra, é exceção, sempre me alimento saudavelmente, hoje me dei o prazer. Saí do truck feliz e aliviada, feliz, passou a minha fase deprimida. Comendo sozinha, sem ter que fazer a comida, sem ser a obrigação do politicamente correto, sem ter que dizer senta, pega, não vira, não joga, para de gritar, vai derrubar, me desculpe (para todas as mesas ao redor), me desculpe (para o caixa porque marido foi grosso), comi, bati foto da gordiçe, postei no meu instagram, paguei a conta e fui embora feliz.
 Outro dia estava deprimida, coloquei um vestido desses à vácuo e fui para o shopping com minha filha, comi num lugar melhorzinho, tomei uma taça de vinho bem gostosa, comi sobremesa, passeei no shopping, fiquei feliz.
 Uma amiga recém divorciou, não por opção dela, está  meio perdida com o que pode ou deve fazer, a irmã dela deu um desses vestidos à vácuo para ela, ela veio aqui e me perguntou onde ela poderia usar. Falei, cara, usa!!!!!!! Ela tem um corpo lindo, o vestido vai ficar um escândalo nela, durante o casamento ela não ligava para se arrumar e achava que nem podia porque ela era casada, pelaamor, você temque ficar linda para você, para seu espelho, se sentir feliz consigo mesma, ser hedonista, fazer as coisas para seu bel prazer, para se agradar, não agradar a outros.
 Falei, você pediu meu conselho, vou te dar, manda seu ex ficar com seu filho num sábado à noite (sim, porque o bonito quis se separar, mas no final de semana quer ficar saracuteando enquanto ela cuida do filho deles, e ela é rica, poderosa, tem um puta emprego e a casa que eles moravam e que agora ela mora foi ela que comprou), manda ele ficar com o filho, coloca esse vestido mega power, compra um vinho bem caro, assiste um filme que você quer ver, que não seja desenho ou canal de futebol, filme de mulherzinha, mas usa o vestido e se sinta poderosa. O legal era você sair, mas como já sei que você não vai, faça pelo menos isso.
 Sou adepta dos prazeres para me sentir feliz. Sempre fui. E sempre fui muito criticada. Você é uma irresponsável, não pensa no futuro, onde já se viu comer fora direto quando se mora sozinha e se trabalha muito. Eu morando sozinha, tendo meu dinheiro, podia fazer o que queria, tinha que ser responsável e o ser responsável segundo alguns era não fazer nada que me desse prazer com o meu dinheiro que eu ganhava trabalhando.
 Hedonismo sim. Tem dias que meu marido vai para a minha sogra (sim, é o único momento sozinha que tenho, quando ele resolve almoçar na mãe com as crias), eu faço nada, coloco um seriado cheio de sexo e violência, que não posso ver com as crianças, isso mesmo, cheio de sexo e violência, isso inclui todos os filmes e seriados que não sejam feitos exclusivamente para crianças, tomo meu vinho e como minha comida. Meu marido só come arroz, feijão e bife, ele jamais troca um almoço por hambúrguer, comida japonesa, tailandesa, mexicana, pizza ou qualquer iguaria. Eu gosto de experimentar, pois para mim, gastronomia é cultura. Me faz bem, é puro hedonismo provar coisas deliciosas que não sejam feitas exclusivamente por mim, sim, porque para eu cozinhar eu preciso aprender e eu não sei cozinhar todas as comidas do mundo e eu já não aguento mais comer o que eu faço. Vamos aguentando. Só que eu mereço comer alguma coisa muito boa, não feita por mim, que eu não tenha que lavar a louça depois e que não saia caro. Sim, tem como comer fora sem esfolar seu bolso.
 Outra é que gosto de ver minhas amigas. Meu hedonismo se consiste em encontrar minhas amigas, para um café, para ir num museu, para almoçar fora, para tomar um vinho em casa, outro dia saíram duas abraçadas aqui de casa, elas moram aqui do lado, eu fui direto para cama ,kkkkk, mas isso nos fez bem, nos deixou renovadas para continuar a vida.
  Fazer o que nos faz bem, por puro egoísmo, por puro prazer, ser hedonista, assim que se sobrevive nesse mundo tão difícil e cheio de responsabilidades. E não deixe ninguém lhe dizer que isso é errado, afinal a sua vida é só sua e só você pode vivê-la.

sábado, 21 de novembro de 2015

Lembrando uma passagem da infância...

 Lembro de uma vez, eu em casa com meus irmãos, eu lavando a louça enquanto cuidava de meus irmãos  de  13 e 8 anos. Minha mãe dentro do quarto com o namorado .
 Chegou minha avó com meu avô e começou a gritar, chamaram a policia, uma loucura danada,  meu avô dizendo que ia tirar a guarda da minha mãe para sempre, minha mãe dizendo que minha avó era louca, minha avó dizendo que ela era uma irresponsável que não dava valor à vida que tinha.
 Eu sem entender nada escutei que minha avó não queria a felicidade da minha mãe e por isso minha avó não a deixava ser feliz. escutei que minha mãe estava se aproveitando de mim e da casa que tinha sido dada a mim. Escutei tantas coisas. Enfim,o quase padrasto sumiu, disse que não queria mais, que achou que a casa era da minha mãe e não nossa, que ele não podia arcar com tudo isso.

   

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Que a humanidade pare de tomar seu Nome em vão!

Se tem uma prece que faço pela humanidade nesse momento de tanta desgraça é essa. Que os homens parem de tomar o nome de Deus em vão. É tão triste como que no decorrer dos anos a humanidade continue cometendo os mesmos erros que se fala desde a criação do mundo.
 Usaram o nome de Deus para escrever a Bíblia, para editarem ela, para traduzi-lá, para decifrá-la, para interpretá-la. Usaram o nome Dele para inventar religiões, cada uma conforme a crença do pastor, padre, bispo, pregador, profeta e cada um diz que Deus falou para ele que aquilo que ele prega é o certo.
 Cada homem prega o que lhe convêm e diz que escutou de Deus o que achou que é o melhor para o alimentar seu próprio ego. Cada homem cria a própria religião e diz que a religião dele é que a correta.
 Já ouvi muitas pessoas falarem, ah, a Bíblia de tal religião é mais fácil de entender, eles é que sabem interpretar ela, eu não consigo compreender. Não consegue compreender porque não a lê, já pegou ela do começo ao fim? Não? Porque? Se não te interessa tudo bem, mas se você tem interesse em se espiritualizar, se você procura uma igreja, se você tem fé em um ser invisível que pode fazer alguma coisa pela sua vida,por favor, leia a Bíblia, não esquecendo que ela é somente um livro escrito por homens, traduzido por outros, editado por outros ainda e modificada conforme a boa vontade de pregadores para conter a humanidade e tentar colocar um pouco de ordem e moral nos homens porque teve épocas em que ninguém respeitava ninguém, era preciso controlar a manada para ela não correr desenfreada.
 Já ouvi de pessoas que se dizem ateus e dizem que nojo da Bíblia, que tem raiva de Deus. Sorry, mas se você fosse tão ateu assim não precisaria ter raiva de ninguém, pois quando não se acredita em algo,não se tem sentimento a esse respeito.
 O que você tem raiva é do próprio homem, ele que o instrumento do bem e do mal. Por isso da minha prece. Cada um ouve de Deus o que bem entende a seu bel prazer.
 Não acredito que Deus mande matar, mande fazer atrocidades em Seu nome, que mande dizimar povos inteiros por causa da crença desses povos que não é Nele. Deus não manda matar, não manda fazer guerra, não manda colocar crianças na cadeia, não manda estuprar mulheres, não manda cortar clitóris e não gosta de intolerância. Deus não manda condenar seu próximo por ele ser diferente de você, não manda guerrearem em nome dele. Não manda ninguém virar a cara para ninguém, não manda ninguém ser arrogante e ninguém se achar melhor o outro. Você não é pior que ninguém,não é melhor,mas também não é pior. Quem faz a guerra, quem mata homens, quem prega a intolerância, quem prega o machismo, o domínio do maior em cima do menor, quem não respeita as diferenças por raça, credo, sexo e idéias é o próprio homem.
 O homem falou, Deus me falou isso, Deus mandou eu dizimar esse povo que essa terra é minha, Deus mandou eu colonizar essa terra e pregar o cristianismo a esse povo, Deus me disse que essa religião é do capeta, então serei intolerante com essas pessoas que acreditam nesse tipo de coisa, pois eu vou para o céu porque acredito nesse deus que é melhor que o deus dessa pessoa. Tal prática traz maldição, tal costume é do mal, tal comportamento leva para o inferno.
 Para você ir para o céu tem que fazer assim, se lavar de tal lado, gostar de tal cor e rezar de tal maneira, a outra fala que é pecado rezar, o certo é orar, a outra é entoar mantras, a outra é adorar o deus sol.
 Deus só quer uma coisa de todos nós. Amar ao próximo, respeitar os outros, fazer o bem, tentar ajudar aos outros da maneira que pudermos, não atrapalhar. Não falar mal do vizinho, cumprimentar as pessoas, não tentar tirar vantagem em tudo, não escravizar os outros. Não matar, não matar, não podemos matar alguém só porque essa pessoa não pensa como nós! Não matar em nome de religião e credo só porque é cristão. Ou porque não é. Pensou que horror se todos matássemos uns aos outros só porque tal pessoa não concordou conosco. "Eu gosto de vermelho!", "Vermelho é do capeta, você não pode gostar, vou te matar!" Pow, matou. Aliás, já ouvi muito que vermelho era do capeta em algumas religiões que minha mãe frequentou e eu a acompanhava.
 Deus não prega a intolerância, porque ele irá condenar alguém por sua opção sexual? Porque??? Porque não é natural? Só quem falou que Deus falou que não era natural foi o próprio homem, ou alguém aqui já viu a face Dele?
 Não pode roubar, não traia ninguém, e a traição serve para todos, não trair cônjuge, não trair as amizades, não trair a família, o estado, você mesmo.
 Não cobiçar nada do próximo. A cobiça faz com que você queira o que é do próximo e você pode chegar a trair por isso. Não cobiçar não significa que você não possa querer estar melhor,ter um emprego melhor, uma casa melhor, o melhor estudo ou a melhor comida, significa que você tem que jogar limpo para conseguir tudo isso, dentro das suas possibilidades e ser feliz.
Honrar seus pais, essa levei tempo para entender, honrar meus pais, porque e como? Honrar aos pais é tentar ser uma pessoa digna, que honre ao próximo, que faça bem, que esteja esteja feliz, que não tente a esperteza para conseguir suas coisas, que não cobiçe, que tenha uma conduta honesto e tente ser a melhor pessoa possível.
 Deus fala comigo bastante, eu escuto a voz Dele,mas não é um escutar que dizem, que você tenha que escutar uma voz de trovão, te dando uma bronca, e te julgando e acusando. Essa não é a voz Dele. A voz Dele vem dentro da sua cabeça, você escuta faça isso, é aquilo ou te fala algo através de outra pessoa. Você pode ver a face Dele em outra pessoa. Às vezes você escuta aquela voz, te falando para fazer algo bom, te tirando de uma cilada,  te dizendo para não fazer tal coisa. E cada um escuta a voz que quiser.
 A voz Dele não te manda ser intolerante, se achar superior ao outro, te ameaça, se você não fizer tal coisa eu acabo com você.
 Ele não manda explorar a Terra até a último gota tirando o metal precioso que Ela tem, modificar todo seu percurso e saúde em nome do dinheiro que ela rende. Não pode arriscar a vida de diversas espécies em nome da exploração. Isso é cobiça, querem mais, muito mais. Querem todo o petróleo, todo o ouro, todo o diamante,todas as pérolas, ninguém fala disso, mas não existem mais pérolas verdadeiras na Terra, as que tinham foram extintas de tanto que exploraram, desde 1916 não foram mais encontradas. As que existem a venda hoje em dia são fabricadas em cativeiro, foi feita toda uma estrutura de produção de pérolas, para serem vendidas para satisfazer nossa vaidade. Também as adoro, mas até ponto isso seria correto? Extinguimos várias espécies de animais, sendo que todos temos que conviver juntos por aqui.
 O maior sempre predador do menor, o mais forte domina o mais fraco, constroem armar, me explica, para que existe arma? Os maus as tem e os bons também precisam se defender, que lugar é esse que temos que nos defender uns dos outros. Que temos medo dos outros, que qualquer outro ser pode te fazer mal. Os homens não tinham que ter medo de andar na rua, por ter medo uns dos outros. Os homens fazem mal aos outros, por ganância, por religião, por demarcação de território. Cada um com seu credo, sua família, seus bens, seus amigos e todos se respeitando. É lógico que é assim que tinha que ser. Para que tanta ganância, tanta necessidade de provar que se está certo. Os homens não se respeitam, respeito ao próximo, porque é tão difícil entender isso? Chegar aos extremos, ninguém é perfeito, somos desrespeitados, gritamos, xingamos, queremos ter a razão a todo custo, e alguns se acham mais poderosos e acabam com tudo na marra.
 Todas as tragédias já estavam traçadas, faz coisa ilegal, sem alvará, dá um jeitinho, burla, paga e pronto, faz algo que coloca a vida em risco.
 Os homens tem que parar de explorar ao próximo em nome Dele, dizendo que Ele mandou ostentar, quem quer ostentar é o próprio homem, Deus não manda isso.
 Minhas preces são essas. Que o homem pare de tomar o nome Dele em vão. Que cuidemos uns dos outros, que não exista guerra, não pode guerrear, um mata, outro mata, outro se vinga e isso já está rolando desde sempre, tem que parar. Tem que existir tolerância, respeito, educação para todas as crianças, que as mulheres sejam respeitadas no mundo todo, que todos possam ter suas crenças e que um respeite a crença do outro, sem tirar sarro, sem ofender, procure saber, conhecer e tente entender o porque daquele pensar diferente de você, não somos os donos da razão, respeito ao próximo, nos tratar como iguais, independente de classe social, raça, credo, achando que o outro é diferente. O mundo se tornou plano, todos estamos conectados uns com os outros.  Respeitar o próximo, sempre pensando se nossa atitude vai interferir na vida do outro. Somos todos iguais. Sempre se colocar no lugar do próximo. Ser alguém de Deus é só isso. Não usar o  nome Dele em vão. Quem está fazendo isso, pregando intolerância, preconceito, falta de amor e respeito, não está falando em nome Dele.
 Ser alguém Dele começa em casa, com sua família, seus vizinhos, as pessoas que te atendem nos lugares, seus amigos, um pedinte, o padre, pastor, político, qualquer pessoa que você esbarre, converse, passe na rua. É ali que Ele está, na sua atitude diante das pessoas ao seu redor. 

sábado, 7 de novembro de 2015

O que ainda preciso fazer em casa.


Minha casa ainda não está confortável. Ela é linda,bem maior,mas ainda não pude mobiliar, trouxe o que tinha, coloquei algumas prateleiras e só. Primeiro me mudei para depois fazer o que precisa.
 Falta muita coisa e o que eu trouxe está quebrando, estragando.
 A gota d´agua foi a maquina de lava e seca roupas, Pifou, male,male lava, não puxa o amaciante, a secadora não funciona mais.
 A máquina que quero, uma lava e seca da Eletrolux que tem a porta do tambor para cima. Tenho uma LG que a porta é na frente, ela é bem bacana, mas acho que o tambor para cima, vou otimizar espaço, pois a porta abre para cima e vou judiar menos da coluna, pois agora tenho que ajoelhar para colocar e tirar a roupa.
 Meu sofá está sem espuma, furado e rasgado, pensei em consertar,mas sai mais caro do que paguei nele, decidi comprar um novo quando eu puder, por enquanto tenho que ficar com esse.
 Preciso pagar o marceneiro. Quero uma máquina de lavar louças, aqui tem espaço e vai facilitar muito minha vida,já que faço tudo sozinha. Vou perder menos tempo com a louça.
 Vou trocar minha cama, tenho uma Queen, o colchão não está mais tão bom, e essa cama me deu um problema no outro apartamento. Compramos um armário que a cama encaixava no meio. A abertura era de 1,58m, Compramos a cama Queen,que tem !,58m, só que elanão encaixou por 2cm, simplesmente não entrava, mandei cortar 2 cm, mas ela voltou com o tecido errado,pedi para trocar,mas a loja se enrolou e nunca foi trocar, um lado do box é de courino e o outro é de tecido,um horror. Enfim, por enquanto fica, mas quando puder vou comprar uma king, com box baú onde posso guardar edredons, por exemplo. O box vou reformar,forrar com courino a prova d´agua,  colocar pezinhos e usar na varanda como bancos, colocarei umas almofadas, ficará como um sofá.
 Na varanda preciso fazer minha parede verde, colocar deck de madeira no piso, forrar duas paredes com bambus, comprar muitos vasos e plantar todos os tipos de planta, pretendo plantar roseiras,amoras, todos os temperos e outras flores e verdes, Preciso cobrir com vidro, colocar uma mesa de madeira com bancos.
Preciso trocar as pias, tanto da minha filha qnanto a nossa, a dele comprei uma menor,sem essas pedras de granito, e colocarei mais baixa para ela conseguir alcançar para escovar os dentes e lavar as mãos, a minha vou trocar pois a que tem acho feia e ocupa muito espaço, vou colocar uma cuba e um armário estreito ao lado da pia. Preciso de espelhos,um dentro dobox e outro na pia. E preciso do box no meu banheiro, o dela colocarei uma cortina infantil,pois é muito ruim dar banho em criança com box. Molhar o banheiro, eles molham de qualquer maneira.
 O quarto dela falta uma estante para colocar os livros, tem um vão livre atrás da porta que colocarei esse armário. O guarda roupas e a cama estão perfeitos. Preciso trocar a cortina e customizar com rosas de resina um espelho com moldura que tenho, para pendurar no quarto dela.
Falta espelho e prateleiras pessoais para meu marido no closet. Preciso de umas caixas de acrílico para organizar melhor as coisas. Tenho que plastificar uns banners de moda e pendurar em locais estratégicos,penso em colocar na parede atrás das roupas, como é só uma prateleira com varão, atrás é parede branca, vai ficar um fundo mais animado.
 Preciso trocar as cadeiras da mesa, as que trouxe arriaram, está toras e o tecido gasto,cotei quanto seria a reforma, dá para comprar uma nova,não compensa reformar.
 Preciso de um cadeirão, a minha filha está usando a cadeira de escritório que eu tinha,com rodinhas e bem grandona, ela fica alta,mas eu detesto essa cadeira, ela anda a casa inteira com a cadeira,empurra a mesa, fica girando,um incômodo,mas como não deu para comprar a nova, tem que aguentar sem pirar.
 Panos de prato não servem nem de esfregão, um horror. Panelas estão ruins, preciso de potes para guardar a comida e preciso de copos, quebraram muitos. Esses de dia a dia. Quero trocar a louça toda, sim, eu mereço, esyão todos misturados, estão velhos, todos jáq tem mais de conco anos, estou numa casa nova e quero as coisas novas. Quando der.
 Preciso arrancar a pedra da pia, trocar a cuba e descobrir o que fazer embaixo dela, provavelmente um paneleiro e um cubo para a máquina.
 Quero arrancar uma parede que existe entre a cozinha e a sala, vou fazer um móvel que servirá de apoio para prepara comida, servir, com um tampo e uma marcenaria embaixo com cubos queservem para colocar as coisas. Quero trocar meu fogão e minha geladeira, quero uma dessas side by side.
 Preciso colocar um móvel na lavanderia que sirva para roupas sujas num gavetão,uma porta onde eu possa guardar os produtos e outra para pendurar vassouras. Por enquanto tenho uma arara e dois cestos, está punk, nada prático, uma bagunça
 Aliás roupa está sendo um problema aqui, sem máquina, sem organização, sem ter onde passar e sem produto. Estou pensando seriamente em começar a mandar para a lavanderia. Vou fazer as contas, mas estou gastando água e energia com uma máquina que não está lavando, não dou conta delas, está um transtorno de roupa em casa. Até hoje não consegui colocar em ordem. Vou separar tudo, ver o que vale a pena eu pagar para lavar, se eu não acho que não vale, vou dar fim, costumo doar, mas só faço doação do que está em ordem,não acho legal doar coisa furada,manchada, aos pedaços, vou colocar essa rouparada em ordem. Enquanto não puder comprar a máquina, terei que fazer isso, se compensar, para ter roupa limpa, cheirosa, passada e em dia. Tenho várias furadas, elas estão manchando, preciso de ordem.
 Preciso trocar as cortinas da sala, estão um horror, trouxe da outra casa, estão feias e velhas, aliás,minha sala parece um muquifo, não estou reclamando,estou falando do que tenho que fazer para minha casa ficar mais bonita, tenho que querer minha casa bonita e confortável para eu e minha família. Ainda bem que já estou aqui,mesmo tudo desse jeito,mas tenho que ter noção do que preciso investir em minha casa e qualidade de vida.
 Quero colocar um vaso médio ao lado do sofá, colocar um espelho ao lado da mesa e forras a outra parede da mesa com pedrinhas rústicas.
 Quero colocar um espelho no hall de entrada;
 Preciso colocar a janela da lavanderia e o vidro na sacada menor. Preciso de duas mesinhas laterias ali também.
 Preciso de um balde de gelo que caiba uma garrafa,o que tenho é pequeno e um cooler para a varanda maior.
 Cestos de vime pequenos para as prateleiras dos banheiros, assim os produtos ficam mais organizados.
 Faz a conta, já cotei tudo isso,escolhi o que eu quero e preciso e estará nas minhas condições dentro de algum tempo, somei e sei que conforme eu for tendo dinheiro, vou me programando. Esse mês podemos isso, outro mês aquilo, primeiro ganho o dinheiro, pretendo comprar à vista, pois eles dão um bom desconto e acredito que em dois anos eu tenho completado essa lista.

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Primeiro assédio.

Precisamos falar disso. Com certeza todas vocês acompanharam vários pedófilos demonstrando toda sua nojeira ao se pronunciar sobre a menina Valentina do Masterchef. Não assisto tv e nem esse programa, acompanhei a repercussão pela internet.
 Ela tem culpa de ser bonita? Os pais tem culpa que a colocaram num programa de TV? A culpa é nossa quando colocamos fotos dos nossos filhos anônimos na nossa Timeline?
 Não gente, a vítima não é a culpada!!!!
Eu tinha uns 5 anos, minha mãe frequentava uma igreja evangélica e ia religiosamente todos os domingos ao culto, começou a ser uma frequentadora assídua quando viu que podia arrumar um namorado por lá, um homem de deus. Em algumas vezes ela ia, ficava paquerando e lembro bem eu sozinha brincando com outras crianças e meu irmão e os 2 filhos do pastor passaram a mão na minha vagina dizendo, bucetinha, bucetinha!!! Isso, pelo que me lembro aconteceu umas 3 vezes no mínimo. Não sei se contei para minha mãe, provavelmente sim, pois um dia um desses meninos estava passando na frente da minha casa, minha mãe pegou a mão dele e encheu de varada na frente da irmã mais velha dele. Sempre culpei minha mãe pelo que me aconteceu,pois se ela não tivesse me largado sozinha para ficar paquerando "os irmão" da igreja e tivesse cuidado de mim isso não tinha acontecido. A culpa era dela? Hoje em dia me questiono, ela na ignorância cega de religião achou que meninos que eram filhos de pastores eram confiáveis, pastores prestavam e ela podia confiar a filha dela no meio dessa corja.
 11 anos, minha mãe foi para a balada e deixou eu e meus irmãos dormindo na sala da casa da minha vó materna, acordo de madrugada com meu tio bêbado e drogado acariciando meus seios, pedi para ele sair e ir dormir, nunca compartilhei isso com ninguém pois minha mãe me batia porque tinha lavado mal a louça, eu era puta porque não sabia ariar panela, eu ia ser mãe solteira porque minha mãe foi, não falem com a consumista, pois se a mãe dela não presta por ser mãe solteira, ela também não presta.
 19 anos, uma mulher com o corpo formado, trabalhando fora,chego na casa dos meus avós para almoçar e vejo 3 tios me abraçando com malícia, deixei para lá e não liguei, pois já era grandinha e só saí andando.
 24 anos, mulher e modelo, uma oportunidade de fazer parte de um programa de tv, na entrevista falo ao diretor, não tenho experiência na tv, tenho mais em fotos e desfiles, "- Como você é bobinha, só precisa ser safadinha para trabalhar nesse meio." Valeu aí! Larguei a moda e fui trabalhar de vendedora numa loja de jeans.
 Trabalhando na loja de jeans, o patrão se "apaixona", da mesma idade que eu, bonito, gente fina, interessante, solteiro, porque não? Começa a me perseguir pelo telefone, me ligava 45 vezes por dia (literalmente), enquanto eu não estava na loja, acabei saindo com ele pois me interessei, saímos durante um mês, ele disse que precisa de um tempo para pensar na vida, apareceu no outro dia loja com uma ex namorada filha de um empresário bambambam do Brasil,todos vocês comem alguma coisa que esse empresário produz. Logo depois me demitiu. Eu só queria trabalhar para pagar meu aluguel, mas não sabia que me enxergavam com a vendedorinha sem família e que não podia ser levado a sério e que estava abaixo da classe social deles. Hoje em dia esse ex faliu!!! Desculpem, mas fiquei feliz com a desgraça, como ele vai sustentar a milionária que nunca trabalhou por ser filha de gente rica?
 Fui trabalhar depois em escritórios e não teve um único que não sofri assédio da parte de alguém. Nunca contei a ninguém, pois a culpa sempre diriam que é da mulher. Porque? Porque sou mulher?
 Fora os absurdos que ouvi, que eu era burra por ser bonita, que estava dando para alguém, ter que provar vinte vezes meu valor por ser mulher e atraente. Só estava naquele cargo pela beleza...
 Homem vê mulher na rua e assovia porque ela está decotada. E qual a desculpa para ser chamada de gostosa com um vestido até os pés,de chinelo, com um filho no braço e uma sacola da feira na outra, com um cabelo preso num coque? Eu estava sexy ou mostrando o que mesmo?
 Tem que acabar essa cultura do estupro! Nosso corpo é nossa propriedade! Ninguém tem o direito de achar que porque gostou tem que ter!
 Não são as fotos na redes sociais que tem que mudar, não o jeito de andar na rua, não o fato de não poder andar aqui ou ali. Somos livres!!!!! Lugar de criminoso é na cadeia!
 Porque uma mulher não pode conversar com outro homem sem ele achar que ela está dando bola? Porque uma mulher não pode falar com outro homem sem ele achar que ela está disponível? Eu não estou disponível, se falei com x ou y é por pura educação. Fora as mulheres uma condenando a outra, aquela vadia, deu em cima do meu homem! E seu homem fez o que? Nada, perfeito, continue com ele, deu bola, ele é um desgraçado pois ele está comprometido com você!
 Não deixe seu marido muito tempo sozinho não, você não pode vir aqui visitar sua família e deixar ele sozinho pois daqui a pouco tem outra na sua cama. Sério???? Então ele é um desgraçado que não segura os instintos, agora um homem não pode ficar sem sexo uns dias porque ele vai te trair por você não estar ali? Se isso acontecer é porque já é um desgraçado, com a mente voltada para essa cultura do estupro que é obrigado a copular todo santo dia com qualquer uma desde que ele esteja com vontade.
 E um desgraçado que eu namorei sério a muitos anos atrás, ia me casar, um tenente da polícia militar que me encheu de porrada, quase me matou, a vizinha denunciou, a polícia apareceu e eram subordinados a ele, ele mandou os caras embora, fui de bicicleta até a delegacia para denunciar, pois ele escondeu a chave do carro, cheguei, fiz a denúncia, fui ao hospital sozinha, vomitando os bofes, ninguém me levou, denunciei, ninguém fez NADA, abafaram, e para concluir meu BO eu teria que ir a uma outra delegacia, que era especializada em ver se realmente tinha danos, sendo que eu estava toda roxa e até hoje eu escuto, mas o que você fez para ele bater em você?
 Tem que transar durante a gravidez para o cara não procurar outra! Oi?
 Tem que transar depois, mesmo quando você não estiver com vontade senão o cara vai atrás de outra mulher, aí já viu. Cuma?
 Tem que transar quando se está com vontade de dar, de trepar, de fazer amor, não por obrigação. O cara grita com você o dia todo,você está cansada, as crianças deram um trabalho do cão e você não quer dar! Não tem que dar por obrigação.
 Precisamos mudar essa cultura do estupro, que o homem segue instinto, que ele precisa de sexo com quem quer, criança, adulta, não importa!
 Tem dias que me sinto no meio de uma jaula de leões, pois tenho que falar assim, assado, não à toa meu marido acha que tem que me trancar dentro de casa, que não posso falar com nenhum homem,a não ser que seja velho, gordo e careca, fora isso é uma cara de cú. Me sinto como se fosse uma presa com medo do caçador? Tem alguma coisa errada aí nesse mundo. Uma mulher se enjaular para não ser estuprada.
 Porque será que sou uma leoa cuidando da minha filha, que não deixo ela dormir na casa de ninguém, que não a mandarei de van para a escola ano que vem, que digo e enfatizo que quero cuidar dela enquanto eu puder, até ela conseguir se cuidar sozinha, porque não quero mais voltar para a vida corporativa?

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Quando uma feminista e um machista se apaixonam...


Vou contar uma historinha de amor... Eu era uma moça independente, que não tolerou o abuso psicológico e machismo familiar, fui trabalhar e morar sozinha e pagar meu próprio aluguel para ter meu canto de paz. Morei sozinha numa capital do país por 10 anos e desacreditava do amor, o único amor que eu tinha eram meus irmãos e irmãs ... Durante anos vivi igual à nômade até que fui morar na Dona Teresa. A Santa Teresa na verdade, que me resgatou e me fez voltar a acreditar na humanidade, falarei dela em outro post, pois ela vale...
 Eu saia, bebia, namorava, não namorava e fazia comida em casa sozinha e assistia 4 temporadas do E.R. enquanto tomava um pouco do vinho de garrafão que eu sempre tive em casa.
 Me sentia livre, ouvia absurdos, que eu tinha que ser "mais melhorzinha", mais paciente, mais amorosa, mais menininha, menos homenzinho, mais dependente, tinha que aprender a lavar, a passar, a cozinhar, ser menos barulhenta, tinha que aprender ariar panelas e passar camisas, tinha que beber menos e comer mais e parar de comer fora, tinha que ser em casa, tinha que aprender a gostar de crianças e querer ter filhos, sim, eu odiava crianças e cachorros, não eles, mas o trabalho que isso acarreta, e não queria ter filhos nem que a vaca tussa, eu não queria cuidar de ninguém e nem perder minha liberdade, me diziam que eu tinha que aprender a ser submissa porque senão eu nunca ia achar um homem que iria casar comigo. Eu dizia, e quem falou que quero casar? E se eu casar será com alguém que me aceite exatamente do jeito que eu sou, que beba comigo, que saia comigo, que jante fora comigo, que me entenda e que me ame, não vou ser diferente para alguém me amar, se me amar, pega o pacote completinho, sou bem legal, bem divertida, bem feliz, muito batalhadora e muito amorosa, mas não espere grandes demonstrações entusiásticas de amor minhas, mas sou muito leal e honesta. Garanto que alguém gostará disso,
 Já escutei que tinha que engravidar de homem rico, que tinha que parar de fazer eventos pois eu trabalhava a noite e nos finais de semana e em datas comemorativas e ninguém casaria com alguém que trabalhasse à noite, mas eu não pretendia fazer eventos para sempre, tanto que com 25 anos parei, que tinha que parar de falar palavrão, que eu era um diamante bruto (essa me deu vontade de vomitar, sério).
 Um dia fui num aniversário qualquer de uma amiga de balada daquele momento da minha vida, que nem tenho mais contato infelizmente, sei que cheguei nesse aniversário sem perspectiva, era mais um dia de festinha e bebedeira.
 Conversando com os outros convidados, lindos olhos iguais duas jabuticabas que estavam olhando dentro dos meus me chamaram a atenção. Batemos papo e sei que chegou uma hora que não tinha onde sentar e sentei ao lado dele. Ele foi embora, eu continuei na festa, outro dia fui trabalhar e chamei minha amiga. Aquele papinho básico, amiga, adorei tudo, beleza, mas quem é Ele? "É um amigo meu, solteiro, tem um trabalho que adora, gente boa e gostou de você também." Hum, épocas de orkut, nos adicionamos e combinamos dele me ligar quando voltasse da viagem à trabalho. Minha amiga me disse: "Ele não vai te ligar, não liga para ninguém, não gosta de ninguém" Igual a mim? Perfeito. Veremos. Se não ligar eu ligo. Sim, nunca tive problemas com ele liga ou eu ligo.
 Ele ligou no dia combinado e saímos para jantar. No papo ao caminho do restaurante eu falei comigo mesmo. É Ele, eu quero, vou me casar, vou ter filhos, que homem é esse, quero ele para mim, quero ficar com ele, para sempre, quero o cheiro dele, a voz dele, a pele dele, a companhia.
 Ele me contou dos defeitos, viaja a trabalho, fica dias fora (sério? perfeito para mim, já que eu amo ficar sozinha, não dará tempo de enjoar), é viciado em assistir jogo de futebol e a mãe é um caso complicado.
 Me apaixonei no primeiro encontro e do primeiro veio o segundo, o terceiro, namoro oficial, apresentação para as famílias, morar juntos, noivado, casamento e filhos, sim, no meio do namoro ele me convenceu que eu poderia ter filhos com ele, que ele queria ter filhos e acabei me convencendo que com ele eu teria filhos.
 Durante o namoro e noivado os amigos e família dele me diziam, ele é muito machista, ele é muito chato, ele não aceita isso e isso, mãe dele me dizendo, sim, você não vai fazer o prato dele (oi?), tens que lavar a camisa dele assim e assim (passei as recomendações para a lavanderia, parece que entenderam bem), ele não vai ficar casado com ela pois ela é relaxada (quem são vcs para saberem disso sendo que nunca entraram na minha casa e outra, se ele quer a casa lustrada que pague empregada, estou casando e não arrumando emprego de doméstica, certo? Até porque empregada doméstica hoje em dia graças a Deus tem registro, fgts, inss e todos os direitos garantidos, escravidão ficou para trás.).
 Nunca dei atenção à esse tipo de comentário, sempre desdenhei o machismo dele, pois nós éramos muito apaixonados para deixar esse pequeno detalhe atrapalhar nosso amor. Sempre tirei barato do machismo dele e dizia que isso eu tiraria de letra, pois perto do que passei com minha família, a mais machista do Brasil e perto do que foi trabalhar e me sustentar sozinha durante dez anos numa cidade estranha, machismo não seria nada para mim.
 Sem detalhes sórdidos, mas vi várias demonstrações do machismo e abuso durante o namoro, mas não dei a devida importância, pois achava que eram brigas momentâneas, coisas de nervos a flor da pele, coisas da paixão, nervoso pelas responsabilidades que estávamos adquirindo. Fui deixando, teve algumas vezes que pensei seriamente em não evoluir ao casamento, pois fiquei com medo das reações absurdas que vi ele tendo, mas achei que era um nervoso momentâneo, e a paixão e amor me deixaram cega e sempre deixei passar, nem digo que perdoei, porque ele simplesmente parece que não se lembra das coisas que diz e faz. Faz de conta que não lembra, ou realmente está tão acostumado com a falta de respeito às pessoas que realmente não se lembra.
 Durante o puerpério eu estava tão frágil e insegura, com a auto estima tão baixa, sempre fui magra e bonita, independente e segura; estava gorda, desengonçada, com um filho para cuidar sem ajuda de ninguém que deixei o machista virar um abusador.
 Decidi parar de trabalhar fora porque não queria deixar minha filha com os outros e com essa decisão veio a pior fase da minha vida, a fase de achar que eu não estava fazendo nada só porque eu não trabalhava fora, pessoas me questionando do porque eu parei de trabalhar sendo que eu tinha tanto potencial e era tão inteligente. Pois é, essa é a resposta, justamente por eu ter tanto potencial e ser tão inteligente eu decidi dar um tempo da minha vida profissional e cuidar do meu casamento e da minha filha. Meu marido não tem hora para sair, chegar, viaja, fica dias fora, não posso contar com ele para nada. Quantos aniversários, datas comemorativas eu já passei sozinha e sério, eu não ligo!
 O que começou a ser ruim, não foi a cobrança externa com relação ao fato de eu não trabalhar, pois isso interessa somente a mim e a meu marido e a decisão é conjunta e nunca tivemos dúvidas com relação a isso.
 Só que o medo de toda feminista se concretizou, junto com o fato da proteção, cuidado, todo machista cobra e caro por isso. Ele realmente gosta da mulher em casa, cuidando dos filhos, ela não precisa trabalhar fora. Muitas me questionavam, mas e ele, com esse negócio de você não trabalhar, gente, ele é a pessoa mais feliz desse mundo de poder "proporcionar" isso.
 Durante um longo período eu aceitei todo tipo de abuso verbal dentro de casa, todo tipo de cobrança, não vou entrar em detalhes, hoje vejo o quanto foram pesados e vejo que eu não merecia nada daquilo, mas precisei passar para entender.
 Eu não deixei de ser feminista porque virei dona de casa e mãe, ok? Eu mereço respeito, eu como, bebo, me visto, não posso andar pelada, falo, penso, eu não deixei de ser inteligente porque dei um tempo na "carreira", que mané carreira, eu trabalhava para me sustentar e comprar minhas coisas.  Todo mundo precisa de um teto para morar e de comida para se sustentar. Acontece que sairia bem mais caro eu trabalhar e pagar alguém para ficar com a cria somente para eu poder fazer "minhas coisas". Eu só parei de "fazer minhas coisas" porque decidi mudar de apartamento, não porque não temos dinheiro, ou porque eu não trabalhando não terei condições para isso. Nós temos. Yes, we can... Só escolhi viver uma vidinha num apartamentão do que um vidão num apartamentinho.  Questão de Escolha. E na verdade foi ótimo, nesse período que dei comecei a me descobrir e agora vou focar no que eu gosto mesmo que e moda e arte, ano que vem vou me especializar e fazer cursos disso, como eu queria quando tinha 16 anos e minha família não permitiu.
 Algumas mães me disseram, mas volta a trabalhar para ele te respeitar, EPA, EPA, EPA (momento epa da Patrícia Lages, kkkk), quem foi que inventou que uma mulher que tem um bebê nos braços, longe da família, com um marido que trabalha para cacete e sem auxílio NENHUM de ninguém para nada tem que trabalhar fora para ser respeitada, PARA O MUNDO QUE EU QUERO DESCER!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
 Mulher adquiriu o direito de trabalhar, porque antigamente na nossa sociedade machista não se admitia que uma mulher trabalhasse fora, ela era vista com maus olhos, mas eu quero saber onde foi que as mulheres se perderam e começaram a achar que tem OBRIGAÇÃO de trabalhar fora quando o que elas querem é ficarem neuróticas sim, mas com o seu bebê nos braços, sentindo e cheirando ele o dia todo.
 E tem reclamões para tudo, que então se eu quero isso não deveria reclamar, sim, é fodástico, eu não tenho tempo de ir ao banheiro sem escutar um manhe, amor, manhe, amor, manhe, amor, pois é o dia todo com a criança e a noite com o marido, minhas folgas são quando ele viaja a trabalho e eu penso que vou fazer inúmeras coisas. Quando eu não tinha filhos chamava minhas amigas para virem aqui bater papo e tomar vinho, agora eu só durmo! Sim, vejo algum filme que EU quero ver e durmo cedo, durmo, descanso, pois estou só o pó. Eu iria reclamar de qualquer maneira, se trabalhasse fora ia chorar as mágoas por estar longe de casa e perder o crescimento da minha filha.
 Quando minha filha tinha uns seis meses, a terceira ajudante pediu para sair e decidi ficar sem ninguém e a partir daí minha vida virou um inferno e fiquei louca. O único conselho que as pessoas sabiam me dar era bota na creche. povo, deixa eu explicar explicadinho, o problema não é ficar com a bebê, eu quero isso, o problema é limpar privada no chão de joelhos, ter que explicar todo santo dia para o marido que eu preciso de dinheiro para comprar comida, ele só me dar depois de brigas estratosféricas, sair para comprar comida, carregar uma sacola num braço e um bebê no outro, fazer a comida, lavar a louça da comida, guardar, lavar roupa, varrer o chão 20 vezes por dia, pano mais 30, recolher brinquedos o dia todo e depois o machão chegar em casa e começar a gritar porque a casa está suja e bagunçada, pois a mãe dele deixava a casa um brinco, segundo ele. O problema não era meu bebê, era a falta de compreensão e a falta de sensibilidade da pessoa que tinha que mais me apoiar, afinal, ele quis ter filho.
 Estava sofrendo abuso dentro de casa e não sabia. Não percebia e não queria enxergar, essa era a realidade, ouvi algumas vezes que a culpa era minha e ficava fula da vida, mas essa é a verdade, eu deixava isso acontecer, pois tinha medo de perder, eu amava demais, a auto estima estava baixa e fui deixando ele fazer isso comigo, porque eu revidava e sentia que assim estava tudo bem. Só que cheguei ao limite e vi que não queria mais viver desse jeito, brigas e gritos todo santo dia em casa, estava sofrendo abuso e só me defendia, me diziam, fala com jeitinho, jeitinho é o caralho, se qualquer pessoa escutasse o que tive que escutar não tinha jeitinho coisa nenhuma, nunca me bateu, se alguém está preocupado, todo mundo me pergunta e aliás, ele me disse inúmeras vezes que eu tinha sorte que ele não me batia, porque o pai dele batia na mãe (por favor).
 A história de amor que eu imaginei que iria acontecer virou um pesadelo para mim, eu cheguei ao ponto de não aguentar mais e ter vontade de morrer, estou infeliz e não é porque não estou trabalhando fora, é porque me decepcionei com o amor, não com o amor, mas com o meu amado. Cheguei a me arrepender amargamente.
 Me disseram para separar, mas eu não acredito em divórcio, não existe divórcio quando se tem filhos, vou ter que ver a cara da peste que é o pai dos meus filhos o resto da minha vida, junto com divorcio vem madrasta, padrasto, filho da madrasta. Minha filha que eu cuido tanto, com tanto amor vai ser deixada de lado, porque o filho novo é sempre o preferido e os filhos do primeiro casamento ficam esquecidos, e assim que é. Fora festas, formatura, casamento deles, natais, reveillons, vai ser aquela briga e aquele inferno, fica comigo, não, comigo, ciúmes rolando solto, deusolivre. passo por isso até hoje com minha família e não quero isso para minha filha. E eu casei e tive um filho por amor e em consenso e agora que tenho vou largar tudo, desistir sem lutar.
 Sim, com certeza seria muito mais fácil ficar sozinha, voltar para a vida louca, baladinhas, festinhas, afinal alguns finais de semana eu teria folga dos filhos para eles visitarem o pai, mas eu tomo tanto cuidado e agora vou largar mão deles? Deixar na mão dos outros, pois o meu marido trabalha muito e não tem tempo de cuidar, quem vai ficar com os filhos???
 Fora o que construímos juntos nesse tempo, jogar tudo fora? Enquanto existir amor, vale a pena lutar por seu casamento.
 Eu deixei chegar ao ponto que chegou, por medo, não tenho mais medo de perder, não tenho medo de que acabe, cheguei num ponto que se perder tanto faz, mas não vivo mais um dia sequer desse modo.
 Me disseram para sair da zona de conforto e quem sabe me abrir a outras oportunidades, eu não estou em zona de conforto nenhum benhe e muito menos disponível, minha zona de conforto seria justamente ficar sozinha e fazer o que eu quisesse da vida! Você é muito bonita, é muito nova, é muito inteligente, sim, exatamente por isso eu acho que vale a pena investir no casamento. Você pode arrumar alguém, kkkk, eu já tenho alguém, é tudo igual no final das contas, eu já conheço o mundo e conheço bem, não tem diferença, são todos iguais, só muda a altura, tem feio, bonito, magro, barrigudo, defeitos todos tem, e eu ainda fico com esses defeitos do meu, perfeito não tem. Eu sei que posso ficar com quem eu quiser, mas a parada é essa, ele que eu quero, não quero outra oportunidade, me casei porque eu queria sossegar e quero continuar assim, desse jeito. Sou nova, bonita e inteligente, mas vou ficar velha, feia e burra. O tempo leva nossa juventude, não vai durar para sempre.
 Esse é o livre arbítrio, realmente eu posso fazer o que eu quiser, sou livre, não sou propriedade de ninguém, meu corpo é meu, minha vida é só minha e a felicidade e só minha.
Só que eu penso com a cabeça e não com o coração. Ninguém esta condenado ou vai ao inferno, ou sei lá o que porque não suporta um casamento, ou um relacionamento, Deus não vai ficar "de mal" com uma mulher quando ela decide não sofrer mais abuso dentro de um casamento, mas as consequências virão, é fato, tudo que falei acima acontece assim, desse jeitinho mesmo, e assim e sempre vai ser.
 Um casal junto é mais forte, a família se fortalece. Minha vó dizia para mim, eu nunca pedi um real para seu vô, ele que dava, isso é piada, mérito nenhum! Colocar arroz e feijão em casa é obrigação. Marido não esta te dando nada, o dinheiro é dos dois, independente que quem trabalhe ou se os dois trabalhem, fases. Ela dizia, porque tudo que adquirimos ele botava no meu nome porque ele queria. Não vozinha, a senhora está errada, eu sou casada e tudo que vende, compra, troca eu tenho que assinar, ele não é bonzinho por isso, casamento te dá direito a isso, tudo é dos dois, a não ser que se assine um contrato pré nupcial com termos bem claros.
Levei temo para entender que não tem meu dinheiro, seu dinheiro ou eu ter que fazer a faxina da casa sozinha para ele me "dar" um dinheiro. O dinheiro e meu também, cada um esta cumprindo sua parte nesse casamento. Tudo tem seu tempo, voltarei a trabalhar no momento certo, voltarei a estudar e vou tirar um tempo para mim ano que vem porque eu mereço.
 Esposa não é sinônimo de empregada doméstica, saco de pancada, ouvido de penico, madre teresa de Calcutá, cozinheira, lavadeira. Lógico que temos que cuidar das nossas casas, filhos e maridos, mas na medida do possível, dentro do que conseguimos dar conta, ninguém é de ferro e ninguém aguenta.
 Uma mulher que cuida da família também tem que ser respeitada, tem que ter o devido e se dar o valor. São fases da vida, momentos.
 Não vou mais tolerar abuso, quero ser respeitada e não, não vou mudar nada na minha vida porque ela está do jeito que eu planejei e por enquanto é assim que vai ficar e tenho que ser respeitada dentro da minha casa, do jeito que eu sou e estou. Não concordo com o fato de falar com jeitinho, mulher precisa ter dinheiro para cuidar da casa, trabalhando fora ou não, pode comprar um vestidinho sim, tem que fazer o que der para fazer e tem que ser amada, tem que ser tratada com amor e carinho,isso é o
 minimo que se espera de um casamento. Como eu ainda acredito no casamento e não acredito em divórcio eu conversei, espero que seja a última vez, com certeza não será, mas o amor é paciente.
 Nossa sociedade educou muito mal os homens, não sei se todos, mas o meu foi muito mal educado, pois conversando parece que ele achava normal ser assim e estranho ser de outro. Essa geração foi educada (mal) para ser servido pela mulher, para não fazer nada, não cuidar do filho e quando olha por 5 minutos ou lava um copo acha que esta "ajudando", não camaradas, vocês não estão ajudando com nada, estão somente fazendo nada mais que a obrigação. O filho é dos dois, a casa é dos dois e a mulher com certeza está abrindo mão da vida dela e de muitas coisas dela por vocês.
Apesar de tudo e com tudo isso, ainda amo e quero ficar com ele por todos dias da minha vida... Na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza...

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Parentes, presentes e consumismo.

 Ando realmente irritada com algo. Minha sogra parece que está enlouquecida. Cada vez que vê minha filha ela dá presentes, já me apareceu com 500 Elsas (do Paraguai e vocês sabem o quanto eu condeno pirataria, ainda me diz, ah, mas não tem problema foi baratinha, lógico, sem direitos autorais...), minha filha quer todas as Barbies da face da terra, assim como todo criança, óbvio. Ela me pede e eu digo, olha, tal data eu te compro tal, até porque ela pede Barbie "dailalina", Barbie secreta com capa, Barbie no brechó e assim que chega ela arranca toda a roupa, os braços, as pernas, a cabeça e deixa a Barbie noiva do Chuck (tenho arrepios com esse boneco até hoje, hahahaha).
 Tento ensinar minha filha que nós temos condições, mas que não dá para ter tudo. Eu não tenho uma bolsa da Louis Vuitton até hoje e olha que bem que eu queria. Já tive minha fase consumista, descobri que era desespero, fuga e parei tudo. Não quero que minha filha cresça pensando que o mundo é cor de rosa e teremos tudo só porque queremos.
 Sei que cada vez que minha sogra vem aqui ou que minha filha vai lá, ela entope a menina de brinquedos e fica perguntando que brinquedo ela quer. Ela como é criança, lógico que pede tudo que vê na frente. Ela pede para mim e eu sempre explico, quando der mamãe compra, mas é uma coisa de cada vez.
 Quando chega datas comemorativas eu a levo a alguma loja de brinquedo e deixo ela escolher o que quer e estou conseguindo colocar na cabeça dela que tudo que é demais é consumismo pois ela mesma diz, só um né mamãe. Se vejo que que escolheu um barato, e geralmente ela gosta dos mais fuleiros e sobrou dinheiro da verba que eu tinha determinado que gastaria, falo, olha filha, ainda tem dinheiro, podes escolher algum desses aqui, qual você quer?
 Já pedi para meu marido falar com minha sogra, ele diz que ela tem dinheiro. Não gente, ela não tem, ela trabalha de secretária de uma médica, toma ônibus todos os dias para ir trabalhar, leva quase uma hora e meia para ir trabalhar, não paga um plano de saúde, o apartamento que ela moa foi meu marido que comprou para ela, então não, ela não tem dinheiro, quem tem muito dinheiro não precisa trabalhar de secretária para outros. Trabalha porque precisa do dinheiro para se sustentar.
 Não tenho nada contra dar presentes em ocasiões especiais, ou se viu alguma coisa que era a cara da neta e resolveu dar, mas está demais.
 Não tem mais onde enfiar brinquedos em casa, isso que como vocês sabem eu estou num lugar maior e ela tem um quarto todinho só dela, dei o maior quarto da casa para ela, só para caber tudo, as roupas, brinquedos e bagunça que vocês sabem como criança faz bagunça, fora que ela pode riscar todas as paredes do quarto, no outro apartamento ela pintou a casa inteira e eu nem tinha coragem de ralhar, pois não tinha espaço para ela.
 Já pedi, já falei, sábado minha filha foi lá com meu marido enquanto fui à dentista e ela me falou, a vovó comprou uma barraca da Barbie para mim, mas deixamos lá. Meu marido saiu andando pois já sabia que eu fiquei puta da cara.
 Hoje de manhã peguei minha filha e conversei, filha, é o seguinte, você é uma menina rica, não pode ficar pedindo as coisas para os outros e tem que falar para sua vó parar de comprar tanta coisa para você, ela não tem condições e está fazendo o que não pode. Vou deixar bem claro, aqui não entra mais brinquedo pois não tem mais espaço e você vai ter que escolher. Lá embaixo na portaria tem uma caixa de doações para pessoas carentes, qualquer presente que aparecer aqui vai para a caixa que vamos doar para quem realmente precisa, ou você doa o que já tem ou vou doar o que aparecer. Fale para sua vó que você não precisa mais de nada.
 Ela é pequena para eu falar isso? Será mesmo? Estou comendo o cerebelo dela? Sim, pode ser, mas a intenção é essa, Já que a adulta, no caso minha sogra não está entendendo, tenho que falar com uma criança de 3 anos.
 Se vai adiantar o que falei para minha filha? Provavelmente não, pois ela é uma criança e não tem capacidade de assimilar algumas coisas ainda, mas ela é minha filha e vou falar. Um dia ela vai crescer e entender.
 Minha sogra tem outros 3 netos, do meu cunhado, com mães diferentes e essas mães nunca quiseram saber dos filhos. Largavam eles lá na frente da casa da minha sogra e saiam andando, mesmo se ela não estivesse em casa, as crianças ficavam na calçada esperando minha sogra chegar, era um horror.  O pai deles não tem condições, nunca teve um baita emprego, fez o que pode, mas daquele jeito.
 Acho só que ela interferindo na minha criação. Ela está tentando comprar minha filha. E não é encrenca minha porque é sogra, porque da mesma forma que falo para ela falo para minha mãe. Minha mãe é humilde e às vezes fica se lamentando que queria dar presente tal e tal e eu digo, mãe, relaxa, esquece, você não tem, guarda seu dinheiro para você, ganhe sua neta com amor e não com presentes.
 Estou achando que minha sogra está confundindo as coisas, pensando que com presentes se ganha amor, e é a realidade. Ela não me trata bem e vive me dando presentes, tipo, prefiro um bom tratamento a presentes. Acho muito mais válido.
 Estou insatisfeita. Sei que outro dia ela viu jóias que meu pai deu  minha filha e ela começou a surtar de que tinha que dar e logo ia conseguir e não sei o que, falei, meu, relaxa. Ele pode, deu porque podia, mas mesmo deu em ocasiões especiais. Minha vó também, sempre que vê minha filha dá presente em dinheiro para eu comprar o que ela quer.
 Só que mesmo assim, com o dinheiro que eles tem, eles não estão alucinados achando que tem que dar presentes todo final de semana. Vai ver que é por isso que minha vó com 86 anos ainda tem tanto dinheiro.
 Lembro minha mãe na infância que comparava o carinho das pessoas por nós com presentes, se tal tio dava presente caro é porque gostava senão é porque não gostava. Hoje em dia eu vejo que babaquice, pois os mais puxa sacos foram os primeiros a jogar pedras e os mais simples são os que mais tem carinho...
 Mesmo comigo no começo, se o presente agradava é porque prestava senão é porque estava de mal.
Não sei ainda como abordar isso com ela e meu marido, pois eles tem um defeito horrível, quando se vêem acuados começam a gritar, já aconteceu algumas vezes de eu tentar argumentar alguma coisa e ela começar a gritar comigo e arrancar minha filha dos meus braços (uma vez porque veio ficar com minha filha para eu e meu marido sairmos, por isso não deixo mais).
 Presente não é sinônimo de amor. Pode-se comprar uma criança sim, mas isso não é genuíno, não é assim que se demostra amor. Minha filha não precisa, afinal eu tenho muito mais condições que ela.  Mesmo se precisasse está sendo um exagero e está jogando fora tudo que estou tentando passar a ela.
 O mercado oferece muito, cabe a nós entendermos que não se ama coisas e se usa pessoas, mas sim se ama pessoas e se usa as coisas.
 Uma coisa é certa, não cabe mais nada aqui e vai ser doado sim! Se minha filha chorar, a culpa não é minha, mas está demais e minha sogra está tentando fazer minha filha ser consumista. Ela já vai lá pelos presentes e não pela avó. Eu não quero que minha filha me ame porque dou mais presentes ou menos, Acho que tem coisas que são válidas, mas quando começa a ser exagerado perde o sabor, a graça. Até porque ela entope a menina de presentes, ela brinca 5 minutos, joga fora e vai brincar com garrafinha de água, com a corda do meu roupão e com a camisa amarela que faz cosquinhas (uma camisa minha que ela adotou como cheirinho, está toda encardida, ela usa como vestido, como cabelo da Rapunzel, como sarungue, ela prefere mil vezes inventar do que pegar o que está pronto).


Valeu a pena esperar...

 Essa semana fui fazer a reserva de vaga para a escola das crianças... Se passaram quase 4 anos, todo esse tempo escutando, bota na creche, faz isso, faz aquilo, eu me acabando, me entristecendo e sabendo que estava fazendo o certo e veja só, realmente acabou...
 Na parte financeira, fazendo as contas por alto, economizei pelo menos 25 mil reais, calculem 600 reais de escola por mês, vezes 12 meses ao ano vezes 4 anos...
 Fora uniforme, lancheira e remédios, pois todos os filhos das minhas amigas ficam muito doentes quando entram nas escolas. Foi difícil para mim, está sendo difícil ainda, mas eu sempre soube que era o que eu queria, eu queria passar por isso e tudo que pude fazer e mostrar para minha filha, não tem escola que faria, ela conhece toda a cidade, todos os museus, fomos ao cinema, todos os eventos infantis possíveis e adultos.
 Realmente parece que foi a conta certinha, pois estou na fase agora de não aguentar mais, só penso que , ai que bom, ano que vem ela vai a escola e terei a tarde todinha só para mim!!!!!
 Valeu a pena, estou feliz, estou contente, como no Elixir do Amor...
 Meu marido, para variar começou a xilicar quando viu que tinha chegado a hora de colocá-la na escola, que como que vamos pagar a mensalidade já que estamos com tanta despesa. Volto a trabalhar nem que seja só para pagar a escola, pois é a escola, é a formação, mas não, se for para trabalhar tem que ser das 13:30hs às 17:30hs, pois sou eu que tenho que levar e buscar... Fica difícil... Trabalhar eu vou, voltarei para minha representação, ai que delícia, isso dá para eu conciliar... Deixo na escola, visito algum cliente, paro em café com internet, ou venho para casa para fazer o trabalho via internet, que delícia, nem acredito... Gostei porque não sentirei algo que muitas mães me dizem que sentem, que é a culpa, culpa de ter que ficar longe dos filhos, essa culpa eu nunca sentirei...
 Sei que depois que vi o quanto eu estava mal, preferindo morrer que viver assim, comecei a tomar umas providências, comecei a marcar com minhas amigas de virem aqui em casa, até porque agora tenho espaço para receber amigas e filhos e até os cachorros se quiserem e marquei várias reuniõezinhas, teve o dia da amiga com a filha, joguei todos os brinquedos na varanda do apartamento, crianças brincaram e tomei caipirinhas com ela. Fiz um baita esforço para voltar a ir nas reuniões do círculo de mães, essencial para a vida, chamei uma turminha de amigas mães para tomar café da manhã em casa, vieram, trouxeram os filhos e pães e foi super divertido, voltei a ir na minha amiga dentista, vou todo sábado, meu marido fica com a neném e eu vou, ela cuida do meus dentes e aproveitamos para tomar um cafezinho e bater papo... Fora outras inúmeras saidinhas com minha filha e outras visitinhas de amigas em casa para almoçar, tomar um vinho e bater um papo....
 Amigas são essenciais, até por isso eu andava meio sumida da vida on line, pois estava vivendo. A madrinha da minha filha, que é minha amiga de infância, veio me visitar, ficou uns dias em casa, já voltei a me sentir gente, a lembrar que fui e sou uma mulher antes de ser mãe e esposa, eu tenho uma personalidade própria antes de qualquer coisa.... Tinha sonhos e expectativas...
 Semana que vem vamos viajar para o casamento do meu compadre, passaremos uma semana numa cidade praiana, vamos ficar num hotel que parece uma pousadinha, tão fofo!!!!! Acredito que depois dessa viagem, a primeira depois da lua de mel, as outras foram somente para tomar cafezinho na casa de parente, vamos melhorar muito nosso casamento e meu marido para de ser tão grosseiro.
 Tudo está se encaixando como imaginei, esperei o tempo que achei necessário, assim como também esperarei o tempo que e achar necessário para todas as outras decisões na minha vida.
 Agora minha filha vai à escola, vou cuidar de mim durante um tempo, retomarei minha representação, vou fazer cursos de arte e moda para me atualizar no mercado de trabalho e pretendo quitar nosso financiamento em cinco anos, se depois de tudo isso o casamento não ficar redondo, aí vou ter que repensar outras coisas. Casamento é para sempre, mas ninguém merece ser infeliz para sempre... Vou dar tempo ao tempo e espero que tudo se encaixe, se não encaixar, ainda sou nova e a vida está aí para ser vivida e amada...

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

53 kg e baixando...

 Hoje me assustei, fui me pesar e estou com 53 kg!! Tenho 1,65 m. Nem na minha adolescência fiquei tão magra, na época que fui modelo até fiquei assim magra, mas eu malhava duas horas por dia, vivia a base de alface e tomava um monte de porcaria para tirar apetite, acelerar metabolismo e essas babaquices todas, hoje em dia vejo que consumia veneno, mas fazer o que, era ignorante quanto a alimentação na época.
 Não estou fazendo nada para emagrecer e estou ficando cada dia mais magra, meu rosto está hiper marcado, é até bonito, mas para uma modelo ou atriz, coisa que não sou, sou somente uma dona de casa comum.
 Estou me acabando, não sei como reverter essa situação, não sinto fome, não janto à séculos, como alguma coisa lá pelas sete da noite, depois nada mais até a hora de dormir.
 Pelo menos antes eu tinha uma fome de leão de manhã, tomava AQUELE café da manhã, pão (sem glúten, ok?), queijos (sem lactose, kkk) alérgica a tudo é fogo, não é frescura, frutas, muito café e às vezes um bolinho. Não sinto mais fome de manhã, como forçadamente um pão com manteiga (sem lactose) e nem o café me desce mais direito.
 Vai passando o dia e sinto lá pelas 3 da tarde que vou desmaiar, aí me forço a almoçar, também eu comia super bem, não sinto mais prazer em almoçar.
 Não sinto mais fome, o que está acontecendo? Preciso me cuidar, logo eu, tão chata e saudável, tão atleta, estou completamente entregue a dor e sofrimento.
 Falo para todas minhas amigas solteiras, para de fazer dieta e arruma marido e filho, vocês vão ficar magrelas, agarantcho!
 Quando parei de trabalhar fora para cuidar da minha família eu me sentia mega culpada, como se estivesse fazendo alguma coisa errada. Eu não trabalhar e não ganhar meu dinheiro, ser sustentada pelo marido, que absurdo. Sim, era assim que eu pensava e me sentia e escutava os comentários mais maldosos de todos os tipos. Você não vai mais fazer nada? Você vai parar de trabalhar? Como você vai fazer? A mãe consumista é dondoca, não faz porra nenhuma! E o que vai ser de você? E se seu marido morrer? Vai ficar de papo para o ar, hein? Você é tão inteligente, está desperdiçando seu potencial.
 Pois é e acho que lá no fundo até eu mesma pensava isso também, tanto que fiquei sem faxineira por me sentir culpada de não trabalhar fora e ter alguém ajudando no serviço doméstico que eu achei que teria que dar conta sozinha. Eu achei que tinha que cuidar dos filhos, aturar os desaforos do marido que não quer que eu trabalhe fora, mas também me pergunta o que faço o dia todo, que só fico de papo para o ar e tenho que deixar a casa impecável por não trabalhar fora.
 Eu estou acabada! Estou sufocada e cansada, só penso em tomar vinho e nem isso me dá mais prazer, nada mais me preenche.
 Sinto um vazio tão grande dentro de mim, sinto um cansaço tão grande e me sinto um lixo por me sentir assim. Parece que estou sempre cansada, acordo e durmo cansada e me sinto culpada quanto fico um pouco mais na cama de manhã.
 Gente, não tem como uma mulher dar conta de tudo sozinha! É impossível, é inviável! Me sinto um cú. Estou demasiado cansada, não tenho forças nem para rezar mais.
 Não aguento mais essa pressão, tive semanas difíceis, pensei seriamente (o meu seriamente, hahahahah, de sério não tem nada), mas passei vários dias me imaginando longe daqui, na Índia por exemplo, em algum estado com praia, vou trabalhar de garçonete, morar numa barraca e não quero saber de mais nada nem ninguém.
 Ops, acordei do meu sonho acordada. Sério, tive sérias vontades. Quando me peguei esmurrando e chutando a porta de casa no sábado agora porque meu marido está me enlouquecendo por causa de dinheiro, pensei seriamente em sumir. Pensei seriamente que não dou conta de tudo isso. Me propus a isso, eu quis isso, eu rezei por isso, eu pedi por isso, eu calculei tudo isso, eu quis do fundo do meu coração meu marido, eu me apaixonei por ele, eu o amo, eu quis esse casamento, eu quis nossos filhos, eu quis ele e quis ter filhos com ele. E estou odiando tudo isso e querendo fugir. Pior é me lamentar com alguém e escutar que sou egoísta que não dou valor ao que tenho, ao que conquistei.
 Eu dou valor, eu sei o quão precioso é uma família, mas está foda! Eu não posso ir ao toalete em paz que eles vão atrás de mim berrar! Quero fazer um cocozinho em paz, please. Não me deixam tomar banho, quando tomo um banho só escuto ele berrando com as crianças porque elas são crianças. Estou acabada. Nunca imaginei que chegaria a esse ponto.
 Faz cinco meses que não visito minha família, nunca fiquei tanto tempo sem ir para lá. Para ajudar meu melhor amigo e compadre vai se casar e sou madrinha, e a festa é em outro estado. Acredito que será maravilhoso, precisamos de férias, desde que nossa filha nasceu não tiramos férias, nossas, para nós, para passearmos, quando viajamos é para tomar cafezinho na  casa da família. Eu já tinha dito que queria ver minha família, mas o casamento é mais importante. Não sou só amiga do noivo, mas de toda a família, eles meio que me adotaram aqui na capital, e adotaram meu marido e filhos também. São uns fofos. A briga toda está sendo por isso, desde que recebemos o convite para sermos padrinhos, meu marido grita comigo, que não vamos, que não pode gastar, que isso e aquilo. Só que se fosse dos amiguinhos dele ou da família dele, iríamos. Não aguento mais tanto egoísmo, não consigo mais só dar e dar e não receber nada em troca, somente insultos.
 Formatura da minha irmã ano passado nessa mesma data foi a mesma coisa, até ameaça de divórcio e de que não ia mais comprar o apartamento eu recebi. Peguei um ônibus com a bebê nos braços, viajei 12 horas, mas fui na formatura. Ele me levou à rodoviária e não nos divorciamos.
 Casei com um machista, mas deixa que eu faço ele colocar esse machismo no lugar certo. Ele me ameaçou de tudo de novo e falou que era inviável, falei que vamos e acabou, ontem compramos a passagem e reservamos o hotel. No final consegui convencer que é disso que precisamos, o casamento é numa cidade que tem praia, turística, vai fazer bem e quem sabe eu até ganhe uns quilos e vontade de viver novamente.
 Pois é, tive dias que tive vontade de morrer, tinha medo de dormir e não acordar e ao mesmo tempo eu dormia pensando em que não precisava mais acordar. Essa vida de matar um leão por dia, de ter que gritar e brigar por tudo que diz relação a mim está acabando comigo. Você deu sorte, casou bem, foi isso que escutei, ninguém sabe o que passo e aguento, só eu sei, só eu. Quantos dias que me arrependi até o último fio de cabelo, quantas vezes... Tenho minhas necessidades.
  Assim como quem vem visitar minha nova casa me diz que eu dei sorte de conseguir uma vista assim, um apartamento assim, falo, sério? Sorte? Eu visitei mais de 30 apartamentos, me apaixonei por esse  e esperei mais de um ano por ele, não vou ao salão faz mais de 3 anos, não compro roupa, estou usando roupa de brechó, minhas amigas que outrora amavam minhas roupas, agora doam para mim, uma doa livros, outra roupas, outra sapatos. E você vem me dizer que dei sorte. Abri mão de toda ostentação na minha vida, não viajo, não janto fora, não vou ao cinema, não compro futilidades, limpo minha própria privada a mais de 3 anos e eu dei sorte, ok!
 Sei que agora retomei minha dentista, estou cuidando dos meus dentes, vou voltar a fazer minhas unhas em salão, porque eu não consigo fazer em casa! Com filhos é impossível!!!!! Vou começar a chamar a faxineira a partir da semana que vem. Vou gastar mais, mas eu quero continuar viva e ser feliz.
 Sinto que estou morrendo, estou me acabando, não sinto mais felicidade nenhuma na vida, estou me sacrificando demais. Sei que é bonito, e tem gente numa situação muito pior que a minha e blablabla, porque é blablabla, afinal só eu vivo minha vida e sou responsável por ela.
 Por mais que tenho vontade de morrer e fugir alguns dias, a verdade e quero continuar bem vivinha e bem velhinha e infelizmente para isso terei que mudar algumas coisas. Esperei o tempo que pude, fui até onde deu e não dá mais! 53 kg gente, não, não é legal, não é bonito, estou ficando feia e nunca fui feia, sempre fui bonita, estou com o rosto chupado, parecendo uma caveira e não estou gostando! Não tenho mais bunda e ela era bem bonita! O casamento, a maternidade é muito cansativa e injusta com as mulheres, é muito serviço. Aí me vem os especialistas em cuidar da vida dos outros me dizer para eu arrumar um irmãozinho para minha filha que aí ela acalma! Que?????? Como assim, mais uma bunda para eu limpar, mais roupa para lavar, mais mamadeira para fazer, mais comida, mais louça para lavar, mais dinheiro para gastar, em que mundo essas pessoas vivem de dizer que outro filho vai facilitar minha vida?
 Bizarro, coloquei Guns and roses para escutar enquanto escrevo e o que começou a tocar agora?  I don´t have plans and schemes, I don´t have hopes and dreams, I don´t have anything.
 Engraçado é minha filha tapando os ouvidos enquanto eu canto aos quatro cantos com minha voz super desafinada! hahahahaha.
 Ai Guns and Roses, só vocês... Não existe outros! 

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Cancelei meu plano odontológico.

A empresa que meu marido trabalha oferece convênio odontológico, como estávamos economizando para comprar o apartamento e dentista particular é milzinho a cada sentadinha, resolvi testar.  Sempre ouvi falar muito mal de convênio odontológico, mas devido a minha tentativa de desapego ao consumismo, pensei comigo, vou deixar de frescura e testar.
 Uma das minha melhores amigas e também minha comadre de casamento é também dentista e me atende desde sempre. Começou a brigar comigo porque eu não aparecia lá desde o casamento e eu disse, não tenho como comadre, sem dinheiro. Vou começar a passar com o convênio do marido. Ela ficou muito brava comigo, falou, lá é uma droga, usam material de quinta e não fazem nada direito. Falei, fazem tudo sim, você deveria ficar feliz porque eu não preciso gastar dinheiro com isso. Vou testar porque é de graça, é pela empresa.
 A sina começou para marcar consulta, só atende de segunda a sexta em horário comercial. Tenho filhos e não tenho como ir no dentista com eles. Fiquei marcando e remarcando até conseguir um dia que meu marido tivesse chego de viagem para ir junto e nos revezarmos em ir e cuidar das crianças. Consegui o dia. Dentista arrumou duas restaurações minhas, saí de lá feliz porque me atendeu rápido. Encantada. No outro dia acordo, olho a restauração e adivinhem só? Furadíssima!!!!!!!! Sim, me mato tentando reagendar um dia que meu marido fica com as crianças e eu voltar lá, fora dois sisos que ainda não tirei e o fato de eu precisar de uma plaquinha para meu bruxismo e meu marido também. Reagendei, cheguei lá a mulher já me olhou com cara de cú!
 Falei, olha, está furado, ela, nossa, é seu bruxismo. Arruma por favor. A vaca furou meu dente sem anestesia e eu dizendo para ela, está doendo, está doendo! Ela dizia, aqui é convênio, aqui é convênio, fica quieta senão eles não me pagam. E puxava minha boca tentando colocar o negócio de raio x, e dizia, aqui é convênio. Eu falava, senhora, você está machucando minha boca e ela me repuxava e me repuxava, fica quieta senão eles não me pagam! Sei que minha boca ficou toda roxa por dentro e ela dizendo que não era nada. Pedi para ela a plaquinha e ela dizendo, depois a gente vê. Saí do consultório com ela me empurrando para fora que estava com pressa para atender o próximo paciente, tipo carne de gado.
 "Consertou" a tal restauração e fez uma nova no outro lado. Cheguei em casa e dormi, outro dia olhei e a restauração furada de novo, fui comer um pão sem glúten e a nova restauração eu engoli.
 Pensei, pensei, pensei, o tempo passou e fiquei tentando reagendar um dia para voltar lá pois tenho que fazer minha placa e cheguei lá com restaurações antigas e agora estou com 3 dentes furados!
 Não consegui reagendar, mudamos de apartamento e falei, quer saber? Foda-se, é saúde!!!!!! Mandei meu marido cancelar a Odontoprev, não quero saber dessa merda nunca mais. Não sou carne de gado para ser tratada desse jeito. Ir no dentista já é ruim, ainda ser tratada assim, como se tivesse fazendo favor. Falei com minha comadre  e ainda falei, pode falar comadre, pode falar que você me avisou! Ela disse, não vou dizer nada.
 Sei que precisei economizar, já comprei o apartamento, minha filha está grande e meu marido pode ficar no sábado com ela durante meu tratamento, vou cuidar de mim. Estou com nojo da minha própria boca, tentei economizar, mas com saúde não se economiza. Vou pagar no dinheiro, custa uma grana, mas vale a pena. Dentista tem que ser particular para ficar bem feito. Não é frescura. Até pedi para minha comadre não se assustar com o estado deplorável da minha boca, mas ela vai cuidar bem de mim!
 Saúde é algo que não economiza. Fui economizar e vou acabar gastando o triplo para consertar a bosta que a dentista de convênio fez comigo. Fora o trauma psicológico.

Na hora de me cuidar.

 Pela terceira vez esse ano caí de cama. Fiquei adoentada, três vezes em menos de seis meses... Isso nunca tinha acontecido comigo. Meu corpo está pedindo arrego, não estou aguentando mais a pressão.
 Sinal de stop, de para tudo mulher que estás se matando. Essa semana que passou chegaram mais alguns móveis, estão vindo aos poucos e finalmente vindo. Foi aquela correria, acorda cedo, faz café, lanche, almoço, café da tarde, janta, louça em todos os momentos, cuidar das crianças, limpar a sujeira da obra, guardar o que é possível, um vinho a noite para relaxar, um frio do caramba, stress que falta dinheiro, revolta porque marido não me entende, não vê meu cansaço, crianças não respeitam, relembrando o quanto meu pai é um idiota, cansaço pois faço tudo sozinha, compras, comida, limpa louça e atura desaforo porque tem explicar para o marido que eu até planto sálvia, hortelã e manjericão, mas arroz, feijão, milho, leite, pão, farinha de arroz, açúcar, ainda não... precisa de dinheiro para ir ao mercado e que apesar de que temos que pagar apartamento e mobiliário, ainda temos que comer e se não nos alimentarmos não vai adiantar nada ter apartamento chique porque estaremos mortos. Não vai ser o mercado básico que vai mudar nossa vida. Sério mães, estou de saco cheio de ter que fazer esse discurso desde que tive filhos. Estou cheia de explicar a mesma coisa todo mês. Além de comprar, carregar as sacolas nos ombros com os filhos nos braços, ter que cozinhar, limpar a louça da comida, inventar, ser criativa, ainda tenho que explicar que para comer tem que comprar comida. Não aguento mais!!!! Não aguento mais. Já tentei desistir de falar, mas sabem o que acontece? Ele me deixa sem um real e me aparece com pão e mortadela e manda eu comer. Não como nem pão e nem mortadela. Não por nada, adoro mortadela, mas tenho alergia ao trigo. E não dá para comer tapioca todos os dias, enjoa.
 Bom, estou tão de saco cheio de tudo, estou tão cansada, estou tão deprimida que adivinhem? Tchan tchan tchan, fiquei doente. Chega. Não mereço isso.
 Desisti disso meninas. Cansei. Depois dessa eu vi, não sou super mulher, super heroína. Essa mulher que nos pintaram, nos impuseram, ela não existe. Não posso fazer tudo sozinha.
 Estou pagando minha grande língua como sempre. Essa mãe perfeita que eu era antes de ser mãe não existe. Não tenho como cuidar dos filhos, fazer comida, cuidar da casa, do marido, de eu mesma, estar sempre linda e maquiada com a saúde em dia sozinha sem enlouquecer.
 Teve dias da última semana que pensei que estava louca, sou mais forte que isso, mas a cabeça prega peças em nós. A minha está a milhão. Com vontade de fugir, de largar tudo, mas com a consciência da minha responsabilidade. Fugir não é uma opção, aí me vem os espíritos de porco e só sabem dar um conselho: bota na creche! Que mané bota na creche!!!!!! Me explica como eu faria essa mudança se meus filhos já estivessem na creche que supostamente seria para me ajudar???? Eu teria que sair correndo como saí durante dois meses, troco a roupa, saio do apartamento pequeno, venho para para o novo receber os pedreiros, encanadores, marceneiros, pintores, etc.... com as crianças a tiracolo e malas de rodinhas pois não tenho carro, tomava café aqui com as crias, pois não tinha um real para tomar café na padaria, arrumo as crias e levo para a creche para voltar aqui e arrumar o que precisa e depois vou buscá-las na chuva do que? Guarda chuva? Não tenho carro!!! Que mané creche. Mas estou me contradizendo, pois estou querendo dizer que não podemos julgar outras mães e falando assim eu estou julgando outras mães.
 Penso que se fosse para gastar dinheiro com alguma coisa seria com uma ajudante e um carro. Disso eu preciso, uma ajudante para os afazeres domésticos, assim eu poderia dar atenção aos meus filhos sem sentir cula orque a casa está uma bagunça, a pia está cheia de louça do café e eu tenho que fazer o almoço. De um carro para poder almoçar em paz com eles e sair para passear sem pegar busão lotado e com gente que desrespeita completamente uma mãe com filho e mochila.
 Sei que não posso mais com tudo sozinha. Creche serve para quem já tem as outras coisas, eu não tenho. Não posso mais! A partir do próximo mês vou chamar alguém para me ajudar pelo menos uma vez por semana. Carro será somente a partir do próximo ano, até lá tenho que continuar com o rabo sossegado em casa e relaxar.
 Preciso aceitar, preciso relaxar e saber que não, não posso ir ao dentista, não posso ir onde quero, queria fazer um milhão de passeios com as crianças, já faço vários, mas agora nessa fase não estou conseguindo e tenho que me sentir tranquila com isso. Me cobro demais, não gosto de ficar trancada em casa, isso está me angustiando, mas me cobro demais, acabei de mudar, esperei 2 anos por isso, porque não consigo aceitar que é um momento de ficar em casa e me sentir tranquila com isso. Estou irriquieta, meu espírito é assim, não me conformo com o que não está bom, quero fazer alguma coisa para mudar, não espero acontecer, mas se tem algo que toda essa espera tem me ensinado é que tem momentos que só resta esperar ou enlouquecer tentando mudar algo que não está ao meu alcance.
 Quando eu decidi engravidar eu não tinha carro, tinha uma faxineira  e não tinha condições de ter uma babá e achei que daria conta de tudo sozinha, Eu quis fazer tudo sozinha, eu achei que conseguiria. Pois bem, 3 anos depois a conclusão é que não, não consigo. Toda mulher e mãe precisa de ajuda, não tem como fazer tudo sozinha e ser perfeita!
 Eu era contra babás, não me conformava com terceirização, mas digo hoje em dia que uma babá de vez em quando não ia mal. Não sou a favor das mães que nunca ficam com os filhos e levam babá até ao shopping. Só que de vez em quando olha, eu bem que queria ter dormido uma única noite nesses 3 anos. Não aguento mais acordar todas as noites. Digo que queria ter dormido até tarde junto com meu marido, nunca mais acordamos juntos. Ele chegou a brigar comigo por isso, como se a culpa fosse minha. Temos crianças, enquanto um acorda o outro descansa, pois os dois levantando alguém fica doente, assim como eu fiquei pela terceira vez esse ano. E eu preciso cair de cama para ele ver que eu realmente preciso de um tempo às vezes. e para eu mesma ver...
 Sinto falta de nós dois, como éramos, do namoro. Sim mamães, finalmente eu percebo que não é egoísmo sentir falta de namorar meu marido. Eu achava inadmissível isso, sou mãe, a mulher tem que dar um tempo, mas eu sou mulher e sou apaixonada pelo meu marido e sinto falta da nossa intimidade, esse negócio de só namorar na hora de deitar e em silêncio é muito chato e sem graça.
 Estou sendo alertada e está na hora de prestar atenção. Julguei tanto, até mesmo minha própria mãe, preguiçosa, cansada, mal humorada, infeliz, amargurada, e é assim que eu ando. Não quero ser isso, não quero isso para mim. Pé no freio. Não dou conta de tudo.
 A partir dessa semana mudei, não me estresso mais, não odeio mais minha vida, só agradecer. O tempo está passando, os dias correndo e eu só esperando o dia que será melhor. Não será nunca mais, filho é uma tatuagem na testa, impossível se desvincular, é para sempre e meus dias serão sempre assim até eles crescerem.
 Só vou me cobrar menos, me culpar menos, não posso querer ser perfeita, não posso querer fazer o almoço, a janta, o cafezinho, com a casa limpinha e cheirosa e eu e meus filhos impecáveis, isso não existe nem em conto de fadas!!!! A Cinderela fazia tudo e se vestia com trapos.
 Vou me cobrar menos e me preocupar menos com o que dizem ou acham, incluindo meu marido. Faço o que posso e na hora que dá, acabou. Não vou para num sanatório, pois é isso que vai acontecer se eu continuar estressada o dia todo tentando fazer as coisas cuidando de filhos e a noite me culpando tomando vinho. Fora outros problemas que posso arrumar para mim, como o alcoolismo. Só o vinho anda me reconfortando e isso está errado.
 Minhas unhas estão um lixo à séculos, já faz 3 anos que não vou à manicure, estava fazendo em casa, mas já faz seis meses que não faço direito. Vou começar a arrumar um tempo e ir, não consigo fazer em casa sozinha sempre. Impossível! Lógico que o fato de morar em dois apartamentos durante dois meses, arrumação daqui e etc.. também contribuiu, pode ser que agora que meu quarto de vestir está está quase pronto eu consiga voltar a me cuidar melhor.
 E estou me cobrando menos, chega de cobrança, chega de culpa. Não sou perfeita, pensei que seria, mas não sou, preciso perdoar minha mãe, apesar dos absurdos que ela cometeu, muita coisa entendo agora...
 Sei que no final das contas só importa eu eles, minha família, a que formei por vontade própria, meu marido e meus filhos. Eu preciso estar bem. Não quero mais me sentir perto da morte. Pensei que ia morrer, essa sensação que tive no domingo, depois de uma semana sem dormir, tanto que segunda acordei doente.
 Estou mórbida, eu sei, mas é assim que andava me sentindo. Vou me cobrar menos, dane-se o que acham e falam. Não posso com tudo, o tempo vai passar e eu não vou mais chorar! Chega de chorar todos os dias por não me conformar com minha vida. Minha vida é essa, mas agora já comprei meu apartamento, meus filhos estão um pouco maiores, meu marido pode ficar com eles para eu ir no dentista no sábado, fazer uma unha, cuidar de mim ou eu simplesmente dormir. Está na hora de cuidar de mim, pois se eu não me cuidar, ninguém fará isso por mim.


quinta-feira, 16 de julho de 2015

Tenho uma sapateira!!!!


Finalmente me entregaram minha sapateira, pensa numa mulher feliz com seus sapatinhos organizadas. Fiz essa que cabe no espaço que tenho no momento no meu quarto de troca, quase closet. Coube 30 pares meus e 8 do meu marido.
 Sei que qualquer dessas it girls que ver essa sapateira vai dar risada, pois 30 pares para muitos mulheres não é nada. Inclusive para mim...
 Pois é, como estou montando minha casa nova e fiz os móveis sob medida conforme o espaço que tenho. Eu queria uma sapateira para 60 pares, até terei espaço, ali, onde é o espelho, ele sairá dali e posso fazer mais um móvel igual a esse ao lado, mas nesse momento não quero gastar dinheiro com closet, pois um closet completinho, bacana custa no mínimo 10 mil reais e não tenho a intenção de gastar esse dinheiro agora, pois vou quebrar paredes, abrir janelas aqui e modificar um pouco a planta, então fiz esse varão que vocês vêem as roupas penduradas e a sapateira que é móvel, se eu mudar o projeto, aproveito esse móvel em outro lugar.
 No dia que conversei com o marceneiro, ele disse, olha dona, posso fazer assim e assim, nessa medida, cabe esse tanto de sapatos e o que passar disso, sinceramente, a senhora doa, mas não arruma mais espaço para colocar.
 Pensei e falei é verdade, durante minha mudança estou fazendo uma limpa em tudo que tenho, fiquei com 30 pares e diminuindo. 10 pares estão estragados, precisando de conserto, fui cotar e cheguei a conclusão que é melhor me livrar deles, pois foram todos sapatos bem baratos, comprados em promoção e comprar um Schutz fofo que amo depois. 
 Esse primeiro sairia R$30 reais o conserto e o sapateiro falou que não ficaria bom, que eu não poderia usar para dirigir, para isso e para aquilo, ou seja, não adianta arrumar para não usar, porque eu uso mesmo!!! Um outro ali eu paguei R$20 reais, é da Beira Rio e o conserto sairia R$30...  Decidi sumir com esses, pois vai sair mais caro eu fazer um móvel para eles do que me livrar, já que já estão bem velhinhos e estragados e depois compro um novo mais lindo. Fora as sapatilhas, que não fotografei, esqueci. Não consigo usar sapatilhas, eu tentei de todos os jeitos, comprei vários modelinhos para ver se eu me entendia com alguma, mas não teve uma que deu certo, todas machucam horrivelmente meus pés, doem minhas costas e não servem para andar, porque eu ando muuito. Doei pelo menos umas 10 para a campanha do agasalho, estavam em bom estado ainda e eu paguei barato. No tempo que eu estava meio enlouquecida com compras, adquiri várias para ver se alguma se adequava a minha vida de mãe, nenhuma deu certo, mas ainda bem que comprei todas em promoção. 
 Enfim, o tamanho da minha sapateira está adequado ao estilo de vida que estou levando no momento, um momento de desintoxicação do consumismo, de mudança de atitudes, de repensar meus valores. Dos sapatos que decidi ficar contei 8 scarpins pretos. Para que alguém precisa de 8 scarpins pretos, sério? Todos de uma vez? Acho que vou doar 2 ali, pois já não estou mais usando, mas quem sabe alguém os use e aprecie. 
 O tamanho da minha sapateira é ridícula para quem gosta de ostentação e consumismo. Para quem acha que ter coisas é que faz alguém feliz, ela é muito pequena, mas estou na fase de lutar e abrir mão de muita coisa para conseguir mobiliar minha casa, que consegui comprar por causa da nossa economia, por eu ter aberto mão de ser consumista. Uma mãe consumista que conseguiu economizar pensando em coisas maiores.
 Não vou mais ficar comprando sapatos igual uma alucinada, até porque para isso tenho que comprar dos mais baratos. Vou me livrar de vários, e quando comprar vai ser o que eu quer. Parei com esse negócio de quantidades. É tão imposto para nós que temos que estar sempre com um sapato diferente, tem que ter vários pares, nunca repetir roupa que eu me perdi nesse mundo. Não tem que acumular coisa nenhuma. Usa, fica, não usa, desapega.
 Pode-se vender as coisas, eu não vendo pois acho que Deus é tão bom, sou tão abençoada que não tenho porque vender o que me sobra, percebo que sempre recebo em dobro, mesmo não sendo essa minha intenção.
 Continuo na prática do desapego. Minha casa é bem maior que a outra, mas também não tem espaço para ter 100 pares de sapato, a questão não é nem de comprar, pois comprar, se compra, sapato é muito mais fácil e barato do que uma casa, né?
 Só acho que não tem necessidade de eu ficar estocando coisas que não uso continuamente. E olha, sapato caro dura muito mais. Esses mais baratos realmente a estrutura não dura muito, você anda, usa um pouco, daqui a pouco está molenga, não tem que ter dó de passar para frente.
 Me livrando do que me pesa, sou uma mãe consumista que parou de tentar esconomizar faz tempo e agora está economizando.