segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Amor aos sapatos

 Olha que travei uma luta terrível comigo mesma esse final de semana. Sexta fui na Marisa pagar a fatura do cartão Marisa, que não chega a ser uma dívida pois está em dia, mas ainda não consegui cancelar esse bendito, ainda estou com aquele pensamentozinho medíocre de ter o cartão para alguma emergência, não tive a vergonha na cara de pagar tudo o que devo, que no total não não dá nem 200 reais em não sei quantas vezes que fiz e cancelar ele de vez, mas chegarei lá! Dei umas voltas pela loja, comprei um chapéu que custava 50 reais e estava por doze, paguei na hora, chapelão daqueles gigantes, bom para o verão e estava de graça, um chapéu por 12 reais que vou usar muito pois adoro, vale a pena e nem conta como compra. Cheguei ao caixa e perguntei para a menina quanto eu tinha ainda de crédito no cartão e estava mais do que o dobro do valor do meu limite lá. Ela me explicou que esse mês eles dobraram o limite do cartão para todas as clientes e era para aproveitar.
 Pronto né mamães... Estrago feito na minha cabeça, já comecei a pensar em milhares de coisa, aquele coturno que eu queria que era 270 e estava por 150, aquele Scarpim azul marinho que estava 60 reais, aquele outro vermelho com salto grosso, maraaaavilhoso para andar com as crianças por apenas 60 também, ah, eu podia pegar uma blusinha e uma regata que estou precisando... Pensei, em casa entro na internet e vejo o que estou precisando com mais urgência.
 Como sempre digo e meu blog se chama eu sou uma Mãe Consumista que está tentando economizar, mas eu sou consumista, tenho cabeça de consumista, gosto de comprar, gosto de gastar, me dei um castigo porque andei desandando e estava com medo de desandar de verdade, até a hora que inventei o detox não fiz nada que pudesse acabar comigo, mas eu não aguentava mais ganhar somente para pagar o que eu já tinha comprado, quero receber dinheiro e ele ser para o que eu quiser e não para pagar dívidas de sapato e bolsa.
 Quero fazer uma reserva de dinheiro, mesmo eu não trabalhando fora nesse momento, mesmo eu recebendo uma merreca, eu tenho condições de guardar um pouco, aliás, tenho obrigação de guardar 10 por ceto de tudo que recebo e estou conseguindo finalmente, depois vou voltar a trabalhar um dia e até lá quero estar tinindo com o hábito de sempre guardar 10 por cento e ter uma quantia já guardada. Uma coisa aprendi com o Dinheirama.com, não importa quanto você ganha, pouco ou muito todos temos condições de ter uma reserva de dinheiro, todos temos obrigação de guardar 10 por cento do nosso dinheiro e ter uma reserva de 10 vezes o que ganhamos para emergências, eles batem tanto nessa tecla que entra na mente mesmo. Por isso bom ler todos os dias alguma coisa sobre economia e investimentos.
 Voltando a Marisa, cheguei em casa e começou minha saga que durou da sexta a noite até ontem a noite, hoje parece que a ficha caiu e consegui me livrar dessa.
 Selecionei o que eu quis, no valor do crédito que tenho no cartão deles, e dava para pagar até em 12 vezes sem juros, que maravilha, puxa, olhei o valor e lembrei, porra, eu estou ganhando uma merreca de dinheiro e vou comprometer 1/3 do que ganho com fatura de cartão de crédito, ninguém merece, acorda, outra coisa, tem mais duzentos dias de detox de gastos, pouco mais de 6 meses e minha intenção é aprender nesse detox, o que é que que vou aprender se eu sair comprando no cartão de crédito que eu tanto ando metendo o pau e sabendo o quanto que dá dor de cabeça.
 Fora que nem aquele Scarpim de 50 reais eu tinha que ter comprando outro dia, tudo bem que vou usar muito ele e blablabla, mas ele me levou a querer outros, me levou a querer o azul e o vermelho, sim, se eu comrpar vou usar horrores, porque eu uso o que tenho, mas eu vou quebrar minha promessa, vou acabar com meu detox, que detox que pode comprar 4 pares de sapato na mesma compra, tudo bem que estão baratézimos e vale a pena, 4 pares não dão um da Schutz, mas não é momento, preciso aprender.
 Meninas, que batalha mental terrível, acredito que quando estou mais nervosa com problemas pessoais é pior, quando estou com muito sono, muito cansada é muito pior. E eu sabia que agora seria pior, os 6 primeiros meses eu tirei de letra porque eu fiquei durante seis meses sem nem um real sequer, então sem dinheiro, sem crédito é fácil economizar.
 Agora tenho meu nome limpo faz tempo e um dinheirinho, e tenho crédito, nome limpo, crédito fácil, agora é o mais difícil. Complicado convencer a cabeça de uma consumista que aquilo é consumismo. Consumista gosta de.... Consumir!
 Não é porque estou lendo e estudando economia, não é porque me propus num propósito, não é porque eu tenho vontade parar de ser consumista que vou ser uma santa do dia para a noite.
 Essas coisas levam tempo, por isso eu quis logo o mais difícil, ficar um ano, 365 dias, bem difícil, porque para corrigir uma vida inteira de erros na vida financeira, 365 dias ou um ano não é nada, se for é até pouco tempo.
 Para emagrecer se leva um ano, na escola se fica 10 anos, na faculdade 4, 5 anos para aprender. Estou aprendendo a usar meu dinheiro e isso realmente demora.
 Antes eu ainda estava naquela fase da vergonha, daqueles cheques devolvidos, em choque, era fácil, agora que já passou quase metade do tempo e tem mais que ametade começa a ficar difícil, não mudei ainda, por isso quero o detox, não posso comprar nada mesmo, oito, oitenta é fogo, mas preciso de um choque para entender.
 Minha relação com dinheiro sempre foi conturbada, passei muita dificuldade na infância e não porque éramos pobres, mas porque minha mãe era aproveitadora e miserável pegava todo meu dinheiro, mas isso eu já contei em outro texto, Quando tinha meus 19 anos e comecei a trabalhar no inerior eu tinha vida boa, porque eu morava sozinha com meus irmãos,m tinha uma casa e meu dinheiro era todo meu e eu acho que aproveitei para fazer tudo que não pude por causa da minha mãe.Logo fui morar sozinha, pagava aluguel, mudei de cidade e queria manter o mesmo nível que eu tinha no interior, me lasquei porque comecei a dever para todo mundo e como eu não queria voltar para lá fiquei toda endividada, tenho dívidas de 15 anos atrás quando me mudei até hoje. Ainda pretendo pagá-las.
 Fora trabalhar de graça para os outros, gente que contratava e não pagava, chefe mulher que queria me ferrar, empresa que sonegava nota fiscal e eu achava errado e me lasquei, sempre tudo muito conturbado.
 E eu sempre gostei de comer fora, sempre gostei de roupa boa, mas antes eu era solteira, ia ver minha família sempre e sempre tinha um amparo, hoje eu tenho uma família minha e tenho responsabilidades. Acho que por isso fico tão irritada às vezes, era muito livre, não tinha responsabilidade nenhuma, porque era por mim e mais eu, eu não ligava de ficar endividada, depois eu dava um jeito, eu sempre podia dar um jeito e sempre teve aquela brecha, se fuder tudo de vez volto para o interior.
 Virar mãe e esposa me trouxe responsabilidades, que às vezes eu nem queria na verdade, mas por um lado é bom, cresci, amadureci, tem horas que detesto ter crescido e amadurecido, tem horas que odeio a escolha que fiz de largar minha liberdade, mas por outro lado eu cresci.
 Se eu não tivesse uma família era bem provável que ficaria o resto da vida nessa de me endividar, pagar, comprar mais e não pagar o que já devia e assim vai. Deu crédito, deu brecha, ganhei mais eu gasto.
 Sei que por mais desculpas que eu queira arranjar para comprar eu não posso, por isso me comprometi com esse propósito de 365 dias que dei o nome de detox de gastos, sem compras, sem sapatos, eles não são fúteis, mas como poderia eu comprar sendo que não tenho o dinheiro à vista, eu iria colocar no bendito cartão de crédito Marisa que eu já tinha que ter cancelado à tempos.
 Chique é comprar à vista, mas como eu vou comprar à vista se eu não parar de comprar!!!! As dívidas já estão pagas, nome está limpo, agora é a fase mais legal que é de guardar dinheiro, mas eu sempre quero gastar, quero comprar, sempre preciso de mais sapatos.
 Tem coisas minhas que realmente eu estou começando a precisar, mas dá para esperar esse seis meses, pois só assim aprenderei. Minhas bolsas estão todas pela boa, mas ainda posso segurar até julho do próximo ano.
 Até porque eu não queria comprar os sapatos de 60 reais da Marisa, a verdade é que gosto mesmo dos da Schutz, que custam mais de 300 reais, mas duram uma vida e são liiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiindos. Todos que comprei deles, tenho um de 7 anos, não estragaram mais.
 Bolsas sou mais chata ainda, até porque mulher gosta de enfiar um milhão de coisas nelas, eu quase comprei uma sintética de tanto desespero, nunca comprei uma bolsa sintética na vida, nem na minha época de pobreza...
 Se eu me segurar certinho nesse detox quando terminar posso comprar um Schutz lindo de presente, uma bolsa maravilhosa, e tudo no dinheiro porque terei ele à vista.
 Está demorando mais que imaginava para meu cérebro se adaptar e está começando a ficar difícil, tão difícil que quero comprar qualquer coisa só para dizer que comprei. Só para ter coisas novas...
 Parte boa que não comprei nada no cartão Marisa e nem vou comprar, vou tentar quitar ele em dezembro e cancelar de vez, estou me prometendo isso desde junho, mas agora em dezembro ou janeiro eu vou conseguir....

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Equilíbrio

 Faz uns cinco anos, que eu sinto uma dor horrorosa no meu quadril, fiz todos os exames possíveis e descobri que tenho uma bursite na cabeça do fêmur que desenvolvi devido a má postura. Muito salto, anos trabalhando em pé e sempre me apoiando em uma das pernas, depois anos em escritório sempre sentada torta, jogada e sem postura.
 A única solução é através do RPG e Acupuntura, coisas que eu fiz, mas como tudo na minha vida, no momento não tenho como ir no rpg e muito menos tomar as agulhadas, vocês imaginam, enquanto estou lá com as agulhas grudadas as crianças já destruíram todo o consultório e fora que serve para relaxar e ficar alguns minutos em completo silêncio, não vai dar certo e vou ter é um derrame ainda na sessão, kkk.
 Enfim, fui buscar e estudar outras formas de tratar minha dor, porque ninguém merece sentir tanta dor o dia todo e ainda mais nessa correria. Sempre caminhei bastante, como já falei, o que acaba sempre me dando o triplo de dor na hora que termino a caminhada, mas depois me fortalece e acaba melhorando, no pain, no gain... Descobri também que toda a causa da minha dor é desequilíbrio físico, compenso tudo no lado esquerdo que vem do desiquilíbrio do espírito, e a dor é justamente no lado esquerdo, lado do coração, penso muito, sou muito razão e pouco coração, sinto pouco, e acabou acarretando em dor, pois coração de gelo padece, temos que pensar com o cérebro, mas o coração precisa de atenção também, pois o coração dói e a dor reflete no corpo. Papo de louco não?
 Enfim, descobri que para parar de sofrer com tanta dor eu tinha que reequilibrar meu espírito, tenho minhas vontades, meus anseios, não é porque sou mãe e esposa que eu não tenho mais vontades, mais necessidades, mais individualismo.
 A época que mais senti dor no meu quadril foi justamente a época que mais eu padecia tentando reencontrar a mulher dentro de mim. Achei que ela não poderia existir mais, que eu eu não teria mais desejos e eu não precisava me respeitar, não precisava respeitar meus desejos de comer, beber, de vestir, de sentir, de falar, de me impor, de ganhar meu espaço. Fiquei tão alucinada com essa idéia de mãe e esposa que comecei a achar que era somente os outros que tinham importância e não eu. Descobri que eu tenho o direito de me impor dentro da minha casa, que eu tenho que me respeitar primeiro, que eu tenho que ganhar meu espaço sempre, que eu preciso descansar, relaxar, ficar sozinha, mesmo que eu tenha que conseguir isso a base do grito e na unha.
 A partir do momento que eu resgatei aquela mulher que estava escondida atrás de fraldas, mamadeiras, louça para lavar e baba minhas dores começaram a melhorar, voltei a resgatar minha auto estima e ganhar meu espaço, sim, porque não é porque casamos e temos filhos que não somos mais mulheres, quando me voltei para dentro de mim, quando voltei a fazer as coisas que gosto, comecei a mostrar que não é porque eu abri mão de trabalhar fora, porque em casa eu trabalho para cacete, que eu não mereço e não exijo respeito. Não é porque eu não trabalho fora que eu não como, não bebo e não me visto, não é porque eu não trabalho fora que eu não tenho minhas preferências musicais, meus filmes prediletos, não é porque eu não trabalho fora que eu não fico cansada, esgotada, não é porque eu não trabalho fora que eu não tenho direito de ir e vir. Tenho o direito de ver minha família no interior, de ver minhas amigas, de gostar de coisas que meu marido e filhos não gostam.
 Sabem que depois que consegui assimilar tudo isso dentro de mim que minhas dores melhoraram e muito.
 Descobri também que eu tinha que cravar meus pés no chão, levantar a cabeça, descruzar os braços e elevar a postura para receber da vida somente o que é bom e para sempre olhar para frente de igual para igual, não sou pior que ninguém, não sou melhor, mas também não sou pior.
 Esses dias ganhei de brinde uma pulseira do equilíbrio, sabem aquela power balance que uma época foi moda e todo mundo usava, mas depois fizeram vários estudos e não conseguiram achar nada que pudesse comprovar a eficácia dela no equilíbrio. A menina que me deu a pulseira disse que a usava  quando ia andar de skate e achou que ajudava. Como tenho essa dor horrível devido a falta de equilíbrio resolvi usar ela por uns tempos para ver se ela me ajudava no equilíbrio do dia a dia, pois no meu caso não é equilíbrio para andar de skate que preciso, mas sim para a vida.
 Depois de uns tempos usando a pulseira percebi que comecei a prestar mais atenção na minha postura diária e descobri vários problemas de posicionamento e por isso que sinto dor. Percebi que eu não cravava meus pés no chão, sempre o pé esquerdo quase cravado e o direito perdido, dois passos atrás, ou como que se eu tentasse me equilibrar de um jeito muito errado. Eu percebi que estava sempre numa posição parecendo um compasso, o esquerdo aqui cravado, mas o pé meio torto e a perna direita tentando equilibrar alguma coisa que só estava desequilibrada pela minha má postura. De algumas semanas para cá eu estou prestando mais atenção nisso e passo quase o dia todo me corrigindo, estou na pia lavando louça, sinto uma dor na lombar, olho minha perna direta, está dois passos para trás ao invés de estar ao ladinho da esquerda me mantendo com os os dois pés cravados no chão e eu com a coluna ereta. Estou numa fila esperando minha vez, percebo a esquerda parada e a direta lá aberta, balangando.
 Eu sempre compensei muito a minha postura com a perna esquerda e sobrecarreguei meu lado esquerdo, o lado do coração, sempre fui tanto razão que não sabia que a grande força que tenho vem do coração, naquelas horas que achamos que não dá mais, que não dá mais para continuar, que não tem mais como conseguir, é a força do coração que faz com que a gente consiga.
 Sei que meu lado esquerdo é muito forte, mas isso faz com que eu pense muito e sinta pouco, levei um tempo para entender que não só de razão se vive. Sempre devemos seguir nosso coração, tem dias que temos que viver como se não tivéssemos cabeça, a força vem todinha do coração. Sabe aqueles dias que a gente quer socar o marido, aí olhamos lá no fundo do coração e ele nos diz, ele é o seu marido que você ama e é apaixonada, seu coração bate mais forte por ele, isso é amor, força e um beijinho que tudo passa, assim que o coração resolve nossos problemas.
 Aquele cansaço, aquela vontade de correr, aquela falta de paciência, é só consultar o coração e ele nos diz, tum, tum tum, tudo isso é por amor, é por escolha, é se amando que se é amado e é dando amor que se recebe amor.
 Não sei até que ponto essa pulseirinha ajuda, segundo os estudos ela não adianta, mas no meu coração ela está ajudando bastante, estou conseguindo cravar mais meus dois pés no chão, minha postura está mil vezes melhor, como era antigamente, quase não sinto mais dor, daqui um ano volto ao meu Rpg, Pilates, Yoga e Acupuntura, quanta coisa, mas tudo ajuda a enxergar a vida com a postura diferente e ajuda no equilíbrio.
 Sei que com minha postura melhorada, menos dor, menos agonia e parece que estou mais paciente, mais calma, mais tranquila, pois a partir do momento que temos equilíbrio tudo fica melhor. Nem tanto o coração e nem tanto a razão, o negócio é sempre ponderação. Com equilíbrio é mais fácil tomarmos decisões, seguir em frente.
 Corpo equilibrado, mente equilibrada, vida equilibrada.


terça-feira, 11 de novembro de 2014

Ajudar ao próximo...

 Essa semana eu tomei um tapa na cara daqueles bem dados, não no sentido literal, estou em estado de choque até agora e ainda não consegui me recuperar.
 Fui à igreja como vou toda semana, mas fui levar meu dízimo e sentei lá e chorei, chorei, chorei questionando Deus do porque Ele tinha esquecido de mim, porque nada está andando na minha vida, porque está tudo parado, estou esperando por algo que está demorando tanto, não aguento mais essa dureza, essa falta de dinheiro. Cuido dos meus filhos e da minha casa, estou sem dinheiro, sinto falta de ter minha independência, tudo isso está me fazendo me sentir uma onça enjaulada, tudo tão difícil, blablabla, aquelas baboseiras que vocês não aguentam mais escutar de mim.
 Pois bem falei, Deus, e aí, porque me abandonasses? Saindo da igreja uma mulher mais ou menos da minha idade me aborda, devia ter uns 40 kg e usava bengala. "-Moça, olá, eu sou HIV positivo, mas não precisa ficar com medo que não vai pegar nela (apontando para minha pequena)."
 Nessas horas eu agradeço por ser uma pessoa esclarecida e disse para ela, não moça, eu sei que não pega, não tenho medo, pode falar. Dizer que no mundo de hoje, em pleno século 21 as pessoas ainda tem preconceito com uma pessoa doente, ela está doente, não pega pelo ar, por olhar nos olhos dela, por bater um papo. Ela tinha cheiro de doença, estranho né, mas ainda sinto o cheiro de pessoa doente que ela emanava. Ela me disse que tinha uma filha pequena que também era HIV positivo, que o marido tinha passado a doença porque traiu ela. Ela precisava de fraldas para sua filha pois as de pano estavam assando a pequena, se eu podia ajudá-la.
 Sou muito sentimental e sensível e isso não é uma coisa boa, fico dias abalada quando me deparo com essas coisas e sempre tento ajudar a todos que me pedem quando posso. Fico com dor de não poder fazer mais, mas não sou política, nem famosa, nem rica. Se eu fosse qualquer uma dessas coisas com certeza faria muito mais. Ninguém merece não ter um prato de comida, uma fralda, ou uma água. Como não sou nada dessas coisas eu procuro ajudar da forma que posso do jeito que dá.
 Falei para ela ficar tranquila que eu tinha  pacotes de fraldas em casa com 42 unidades sobrando pois meus filhos não usam mais fralda, para ela me dar o endereço que eu ia mandar. Falei, agora, agora eu não tenho como fazer nada, preciso ir para casa, cuidar das crianças, fazer janta, cuidar do marido, mas que era para ela ficar em paz.
 No domingo eu saí, fui fazer uns exames de rotina, o marido ficou em casa com as crianças e aproveitei para levar as fraldas pessoalmente no endereço indicado. Eu já estava em choque pela situação da mulher, eu lá me lamentando da vida e tomei um tapa desses, não tenho como reclamar, eu tenho saúde, uma família estabilizada, filhos perfeitos, nem sou merecedora de nada disso pois tem gente que tem menos que eu. Quando eu fui entregar as fraldas eu vi a real situação, entrei na porta do inferno, se existe um inferno na terra é o lugar que essa mulher mora. Se alguém chegou ao fundo do poço e está realmente precisando de ajuda é ela. Não sei da história direito, como foi parar ali, o que aconteceu na vida dela de verdade. Sei que ela está doente, a filha também e ela precisa de ajuda. Fiz questão de ir ao lugar porque queria entregar na mão dela e saber se eu poderia fazer mais depois. Era pior do que eu pensava. Ela ficou doente, foi excluída da sociedade, pois é doente e pobre, foi desprezada por todos e agora mora num "hotel" com cine privê. Um lugar num prédio que parece abandonado. Jamais poderia ter um hotel ali, ainda mais com cine privê, como alguém pode entrar num lugar sujo daqueles para se hospedar, para fazer qualquer coisa e ainda mais morar? Um lugar desses que não temos coragem nem de passar na frente, a rua até que é movimentada, mas é numa rua que parece perigosa, foi o único lugar que a aceitou para morar.  Ela não trabalhar, lá ela recebe as refeições, não sei como paga lá, se é alguém da família, se ela ajuda no trabalho de lá, mas também deve ser uma bagatela pois o local além de parecer abandonado é sujo e fétido, mas o fato é de que ela mora lá, olhei a porta, subi os muitos degraus, olhei na portaria, uma janelinha com grades onde uma senhorinha me deu bom dia, perguntei da moça, se ela morava lá mesmo, se tinha uma filha, ela me confirmou, falou que sim, que ela mora lá e a filhinha com a outra filha mais velha, que agora ela ficava por ali, não entrei em mais detalhes, só fui ajudar, não tenho o direito de querer saber de tudo também, a mulher recebeu as fraldas, disse que eu podia ligar mais tarde para confirmar, que naquele momento ela estava descansando.
 Saí de lá arrasada, como pode uma pessoa ter que ir morar lá, não é um lar, não é uma casa, tendo que ficar longe da família, morando naquele lugar deprimente, com cara de sujo, quando ela me abordou disse que era uma pensão, mas não é uma pensão, é um lugar triste e pesado. Fiquei me arrastando até ontem a noite por causa de lá.
 E eu reclamando da vida. E eu me lamentando. E eu me achando a pior criatura do mundo. Pior é meu egoísmo que depois de ver uma situação dessas que é para mudar qualquer pessoa no planeta, qualquer um tem a obrigação de se tornar uma pessoa melhor depois de presenciar isso. Ainda assim meu ego ainda quer reclamar e falar, ah, mas isso jamais aconteceria com você, tenho o direito de me lamentar porque não está tudo perfeito do jeito que eu acho que tinha que estar.
 Por isso eu sempre gosto de ajudar ao próximo da maneira que posso. Morando na capital sabem como é, existem muitas pessoas necessitadas que pedem ajuda na rua. Não costumo dar dinheiro, até porque eu nunca tenho, mas sempre ajudo da maneira que dá.
 Sempre tenho bolachas, água e água de coco na bolsa, pode parecer besteira, mas já aconteceu de me abordarem, acho que tenho cara de boazinha de boba ou de rica, e eu dizer, moço, tenho essas bolachas das crianças, elas já estão alimentadas, eu saio e vejo a pessoas rasgando aquele pacotinho de bolacha com tanto gosto, comendo com tanta vontade. Sei que não é nada, mas às vezes uma pessoa precisa somente de uma água e uma bolacha para ter disposição.
 A igreja faz algum evento social, procuro participar ou doar algum valor para comprarem cestas básicas. Alguém precisa de roupas ou sapatos e eu tenho sobrando, passo tudo para frente, não vendo, sempre faço doação, não preciso vender e tem pessoas que não podem comprar, mas todos precisam de roupas, ninguém pode andar pelado, se eu tenho a mais, eu doo sempre.
 Uma amiga teve um filho com espinha bífida, vai ser difícil ele andar um dia, desde que nasceu está fazendo tratamento, fisioterapia e tudo mais. Ela é trabalhadora e batalhadora, mas é muito pobre e não tem condições de bancar nada disso, quando nasceu o neném, me doeu porque eu queria fazer alguma coisa por ela e não podia, mas descobri que podia, fiz umas ligações, uns contatos, mandei uns e-mails e fui atrás de tratamento em uma associação de assistência à crianças, consegui a vaga para ela e o filho, está sendo bem tratado. Até hoje não pude ajudá-la com dinheiro, mas fiz o que pude.
 Muitas vezes as pessoas precisam somente de uma atenção e de um olho no olho. Aconteceu coisas parecidas com filhos de outras amigas, pessoas precisando de ajuda financeira, eu queria ir e levar presentes, mas não posso comprar nada nem para mim, como vou gastar com presentes, vou apenas lá e me coloco a disposição para fazer alguma coisa fisicamente que estiver ao meu alcance, a pessoa me responde que só o fato de ir ver e dar uma força já é o suficiente e realmente é isso.
 Muita coisa muda dentro de nós quando de alguma forma tentamos ajudar o próximo, tem gente que acha que tem que ter grana, tem que fazer doações estratosféricas, mas eu acredito que nenhum dinheiro do mundo é melhor que qualquer gesto mesmo que pequeno feito de coração.
 Tem vezes que o que alguém precisa eu tenho sobrando. Alguém precisa de arroz e eu tenho dois pacotes, alguém precisa só de uma prato de comida, de uma palavra de conforto, de uma cesta básica, de uma oração, de uma bolacha, de uma água ou de um bom dia.
 Outro dia tinha alguns familiares meus estavam aqui e fomos passear e passamos em frente a uma comunidade. Um tio meu ficou com medo, aqui deve ser perigoso, nós aqui no carro e eu expliquei. Não tio, são pessoas pobres, somente isso, eles não fazem mal a ninguém, são somente pessoas com pouco dinheiro, diferente do senhor, mas são pessoas trabalhadoras, que estão buscando o seu pão, não vão fazer mal a ninguém. Que preconceito é esse, de onde eu venho tem muito disso.
 Toda vez que eu me deparo com uma situação dessas, uma pessoa numa situação pior que a minha eu agradeço pela minha vida. Reclamo horrores e sempre que reclamo me aparece alguma coisa, essa última moça foi a pior, sempre aparecem as oportunidades de enxergar a vida de verdade. Reclamo, mas podia ser pior, tem gente numa situação muito pior. Não sabemos o que levou aquela moça a chegar aquela situação, não importa, o importante é que existe gente que está muito pior que eu. Que sou uma privilegiada porque tenho saúde, tenho uma família, tinha fralda, tenho comida, tenho roupas, tenho uma vida linda que construo todos os dias.
 Sempre procuro enxergar a realidade, por isso que fazer caridade, ajudar ao próximo é tão benéfico, vemos que nossa situação é muito melhor que de muita gente, se eu posso ajudar alguém de alguma forma é porque eu tenho mais daquilo do que aquela pessoa naquele momento, a situação podia ser inversa.
 Gratidão sempre, principalmente quando se ajuda ao próximo, é a melhor forma de honrar outros filhos de Deus e de se sentir grata e plena por tudo que temos...

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Não vou mais reclamar parte II

Não vou mais reclamar
Não vou mais reclamar
Não vou mais reclamar
Não vou mais reclamar
Não vou mais reclamar
Não vou mais reclamar
Eu mereci o scarpim de 49,90
Acabou a comida de casa
Não vou mais reclamar
Não vou mais reclamar
Às vezes me arrependo de ter constituído família
Não vou mais reclamar
Não vou mais reclamar
Não aguento mais
Vou fugir
Isso é reclamação...

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

E eu comprei um Scarpim

 Pois é, como eu não minto eu confesso que comprei um scarpin, veio no meu e-mail, um scarpin preto lindo e básico que eu já tinha visto a mais de um ano e não tinha comprado por causa do preço e depois por causa do detox de gastos.
 Veio no e-mail o aviso de que ele estava por R$49,90, custava R$179,00 quando eu tinha visto a última vez. Nem pensei e quando vi já tinha comprado.
 Hoje estou daquele jeito, não poso mentir, podia, não podia, devia, não devia. Na verdade não estou sentindo nem um pouco de culpa e olha que eu sou cheia de sentir de culpa por tudo sempre, mas não sinto que fiz errado, mas como fiz esse propósito junto com vocês preciso compartilhar o feito.
 Scarpin preto é igual lingerie básica, se usa com tudo, combina com tudo e nunca sai de moda. Na verdade nos meus períodos de insanidade eu não podia ver um que comprava. Tinha vários. Fiz o detox e nunca mais comprei, estou a 157 dias sem comprar nada, muito menos sapatos. Preciso trabalhar isso na minha cabeça agora, comprei esse que é básico, meus outros estão inúteis, não posso mais usar alguns deles, e nunca tive dó de jogar fora ou doar alguma coisa que eu não precise mais. Semana passada mesmo joguei uma slipper minha fora que já tinha descascado inteira, entrei no site para ver um mocassim, mas não comprei por causa do propósito  e também porque o mais barato e bom que vi custava 80 reais, achei fora da casinha.
 Apareceu esse scarpim basiquérrimo por esse preço ridículo e nem pensei, um sapato por 50 reais é de graça. Hoje é aquele dia que fico com medo de decepcionar os outros ou eu mesma, pois eu disse que ficaria 365 dias sem compras fúteis e que não iria comprar sapatos, principalmente sapatos que são meu ponto fraco.
 Preciso agora digerir isso, pois minha intenção é principalmente aprender a usar meu dinheiro. Comecei esse propósito que tem dias que chamo de idiota de tanta raiva que fico, mas fiz isso porque eu realmente fiquei sem dinheiro, porque eu não tenho mesmo, só tenho o básico do básico que só dá para eu passear com as crianças de vez em quando, mesmo se eu quiser comprar alguma coisa, roupas e acessórios, almoçar em lugares caros, não poderei porque fico o resto do mês sem nem um centavo.  Esse mês mesmo estou sem dinheiro já faz duas semanas e isso que não comprei nada, só paguei busão e café, nada mais.
 Só que o detox serve principalmente para eu não me enrolar nunca mais, um tempo sem poder comprar por obrigação eu acredito que vai chegar uma hora que isso se tornará algo normal na minha vida. Se deixasse eu já tinha me endividado de novo com minha amiga, com a boutique, com compras no crédito e assim vai.
 Esse propósito me serviu para diminuir o mercado, a farmácia e tudo mais, minha visão de vida que antes eu achava que o chique e bonito eram coisas caras e depois desse propósito vi nem sempre coisas caras significam boas e existe muita coisa barata que é ótima.
 Inclusive se eu visse esse sapato antes do detox eu não compraria porque ele está muito barato, eu ia querer comprar ele se fosse caro, no preço caro e eu visse ele por apenas 49,90 eu diria que era de pobre e eu não ia comprar. Desculpem, eu era assim mesmo e falava desse jeito.
 Descobri um mundo de possibilidades gratuitas que se não fosse esse aperto que passamos eu não descobriria, afinal eu só ia em coisa que fosse cara, muito cara e quanto mais cara melhor.
 Comprei o sapato, assim que ele chegar eu publico foto e vou discutindo sobre isso.
 No meu ver foi o primeiro e o último sapato que comprei, se fosse levar ao pé da letra eu não deveria ter comprado, mas agora já foi e foi muito barato, quem sabe sirva de lição.
 Hoje li um texto que me deixou meio atordoada, que temos que ter palavra, que quando se promete algo tem que se cumprir.
 Acredito que deixei de cumprir algo, mesmo sendo bobo, mas não vai alterar em nada minha economia e não mexeu em meu bolso.
 Vamos lá, bola para frente, quem quiser opinar, por favor, vou adorar aprender mais com essa experiência.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Não vou mais reclamar!

 Vou aproveitar esse período de Detox de gastos para tentar incorporar um outro propósito na vida, parar de reclamar, posso aproveitar que já estou em recuperação e tentar me recuperar desse outro grande defeito.
 A última coisa que quero na vida agora é parar de reclamar, mas vejo que estou numa linha de pensamento péssima, eu acordo e durmo infeliz, querendo sumir da minha própria vida, da minha própria casa, da minha família.
 Está tudo realmente muito difícil e o que mais tenho é motivos para reclamar, assim como tenho para gastar, é tudo a mesma coisa no final das contas.
 Crianças acordam as 4 e as 7 todo dia, estou virada num trapo, chego perto para arrumar cabelo, trocar a roupa, dar comida é aquela gritaria, tudo é não, acho que é a fase dos nãos que eu achava tão bonitinho no filhos dos outros, agora estou sentindo da pele que de bonitinho não tem nada.
 Eles só gritam e choram e quando eu falei pela milésima vez para parar de empurrar a cadeira do escritório com rodinhas que eles vão cair e eles gritam NÂOOOOOOOOOOOOOOOOOOO, me vejo sendo tão infantil quanto eles e gritando, larga essa cadeiraaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!
 Já expliquei que vão se machucar, já expliquei o que pode acontecer, já conversei mil e quinhentas vezes, mas não adianta. Não aguento esse saí daí, não mexe aí, vem aqui, saí daí, não mexe, você vai cair, você vai se machucar, não mexe nesse negócio, come, come menos, come mais, toma água, cara, educar é muito difícil.
 Detesto minha vida, não nasci para isso, para repetir a mesma coisa mil vezes. Fora o marido que chega em casa eu tenho vontade de fugir, pelo menos depois que falei que não o aguentava mais ele parou de chegar em casa gritando todo santo dia, mas eu abro a janela, ele fecha, eu coloco num canal, ele tira, eu abro a cortina, ele fecha, eu fecho, ele abre, e assim com tudo, tudo o incomoda! Como é difícil conviver com outra pessoa...
 Fora essa economia insana que estamos fazendo e essa espera por uma resposta mais insana ainda, ele está louco e eu paranóica.
 O meu dia inteiro é isso, eu fico pensando, já que não tenho com quem falar, pois minha irmãs e amigas não aguentam mais minha ladainha, ai odeio meu marido, ai, odeio minha vida, ai, odeio ser pobre, ai odeio, odeio, odeio. Elas são gentis e me ouvem, mas sei que se eu tivesse uma amiga como eu já tinha mandado para o quinto dos infernos.
 Fora que reclamo tanto que todo mundo acha que meu casamento está em crise, não tem nada a ver, só estou casada e casamento é assim mesmo, quem quiser experimentar até recomendo, mas digo que mesmo lendo e relendo os livros do casamento blindado não é fácil, aliás, o livro só te ajuda a ver que é difícil para todo mundo, mas você está certo em ser forte e esperar o vendaval passar, tem momentos que existem dificuldades e como diz o tal pastor, quando você jurou que era na alegria e tristeza, achou que a tristeza fosse o que? Linda igual nos filmes? Não, ela não é bonita e nem cor de rosa e não usa Chanel.
 Nessa de economia insana ele concentrou todas as compras de farmácia e mercado no cartão de crédito e na boa, isso está me enlouquecendo, porque ele coloca outras coisas no cartão, aí faço a compra, de comida, para nos alimentar, para comprar arroz, feijão e frutas para nós e as crianças e a porcaria do cartão não passa porque já extrapolou o limite. Meu, que raiva, temos um valor x determinado de compras no mercado, mas com negócio de cartão de crédito não dá, ele acumula, come o limite e na hora que preciso me deixa na mão, meu, sério, não sei mais como falar com esse homem, já conversei, expliquei, gritei, berrei, desisto, vou deixar faltar o rango dentro de casa, vou ter que deixar ele ir ao mercado, fazer comida, porque eu passei do meu limite, não tenho mais o que fazer. Está mexendo na comida, isso me tira do sério, muito, é comida, não pode... Fora que toda fatura do cartão que chega é aquele berreiro, gritaria, dias de bico, sendo que ele ainda não entendeu que antes estava funcionando porque pagávamos tudo no cash, estava certinho, gasta tanto dia 5 e tanto dia 20, dinheirinho, aí ele que inventou de concentrar no maldito cartão e vem tudo de uma vez só...
 Fora que acordo todo dia pensando em quando voltarei a dormir, meu corpo físico não aguenta mais, só o espírito mesmo para me segurar, é horrível acordar e passar o dia querendo dormir, não pode, quero comer, não posso, quero ver tv, não posso, quero sair, não posso, quero ir ao banheiro, quero ler, quero qualquer coisa, não posso, depois que virei mãe, não tenho mais o direito de querer nada. Ainda bem que dormi praticamente a gravidez toda, kkk. Limpo, eles sujam, arrumo um cômodo, o outro já está virado num trapo, fico o dia todo limpando a casa, chega essa hora está tudo uma zona! Eu limpo e eles brincam e bagunçam, sempre disse, meus filhos nunca vão fazer isso na minha casa, tá bom, agora vejo o estado deplorável que está na minha casa, mesmo eu arrumando o dia inteiro, aí chega o marido, olha com aquela cara de merda para mim, dizendo que sou uma relaxada que não dou conta da casa, na casa da mãe dele era tudo certinho. Ele não vê que ele só recolheu os brinquedos enquanto eu fiz o café da manhã que inclui vitamina ou suco, pães, tratar na boca, já que ninguém come sozinho, lavei louça, fiz almoço, dei almoço, suco, lava a louça, roupa, limpa chão vinte e cinco vezes, uma hora é pão esmagado, outra xixi, outra meleca que nem imagino o que é, limpa vidros, lava roupa, dobra, guarda, tenta passar, guarda os sapatos noventa e cinco vezes, filhota apaixonada pelos meus sapatos, muito fofa, mas guardar noventa vezes é fogo, faz compras, tenta escrever, atende telefone, responde e-mail...
 Como criança pode ser tão fofa num minuto e tão detestável no outro?
... Pausa para chorar por causa do dilúvio no banheiro...
 Preciso tentar entrar nessa de parar de reclamar, dizem que depois de 21 dias nosso cérebro aprende e condiciona a parar de reclamar, ou qualquer coisa ou hábito que queiramos implementar, é como programar o cérebro para sentir felicidade.
 Desde sexta eu estou rezando o salmo 91 toda vez que tenho vontade de gritar, de chorar de xingar, de reclamar, ou que penso em como minha vida é ruim, em como eu não queria tudo isso para mim e apesar de tudo entrei de cabeça nessa achando que era tudo lindo.
 Toda vez que quero xingar meu marido, rezo mentalmente o salmo 91, toda vez que quero gritar com as crianças, estou rezando, é o caminho, o Salmo 91 te traz proteção, você medita sobre e pensa que só Deus para não deixar a gente fazer besteira na vida.
 Preciso parar de reclamar porque percebo que minhas reclamações abrem espaço para pitacos na vida. Enquanto estou reclamando da vida que eu escolhi, que está exatamente do jeito que imaginei que estaria, que está desenhada exatamente do jeito que desenhei, que está sendo executada com o imaginei vem os pitacos. Faz isso, faz aquilo (não estou falando aqui do blog não, pois eu adoro os pitacos, opiniões, comentários de vocês!!! rsrsrs), tipo, já não tenho mais o que fazer, o que eu tenho que fazer eu faço, só falta eu me conformar com o que tenho e parar de reclamar.
 Aceitação, essa é palavra que vivo ouvindo, pois não tenho o direito de ficar brava com um ser que não tem consciência, meus filhos e serve para o marido também... Se não está bom assim é porque eu quis exatamente assim, fui que escolhi o marido, o casamento, aceitei ter filhos, quis parar de trabalhar, quis ficar em casa. Quero criar eles e educá-los e garanto que estou fazendo muito melhor que fariam numa creche, mas eu nunca disse que seria fácil.
Realmente está muito mais difícil do que imaginei que ia ser, não sei se está mais difícil, mas o cansaço físico e mental é absurdo, não imaginei que fosse tão pesado.
 Lembro que eu falava, ah, eu ficava a noite toda na balada e no outro dia ia trabalhar de boa, e virava noites, mas acontece que uma hora eu descansava, esse é um luxo que mãe e esposa não tem, ou você está em função dos filhos, lavando, limpando, passando, cozinhando, recolhendo brinquedos, limpando baba, ou fralda, agora bumbum, recolhendo brinquedos, depois chega o marido e você ainda tem que estar de bom humor, linda, com vontade de namorar e apaixonada pelo cara que te fez ficar assim, aiaiaiaiaii.
 Não vou mais reclamar, porque eu quero minha vida exatamente do jeito que está, eu não quero mudar nada, só quero mudar para uma casa maior, só isso, mas fora isso não quero nada diferente, quero criar meus filhos, quero cuidar da minha família, quero viver por ela, mas a única coisa que eu queria de verdade era me sentir feliz novamente. Faz meses que me sinto infeliz full time e parece que estou sempre tentando melhorar meus pensamentos, pois tenho que me forçar a pensar que isso é o melhor, que isso era o que eu queria que isso é o quero e tenho obrigação de me sentir feliz, mas não me sinto, nem um pouco...
 Vou tentar, a partir de amanhã não reclamar mais, será que eu consigo, vou tentando, todos os dias, até o final do detox pretendo não tentar mais e simplesmente conseguir.
 Um dia de cada vez, o momento é perfeito, a partir de amanhã eu não quero mais chorar e reclamar, numa dessas até chorar é bom senão explodo, mas não quero mais amaldiçoar a vida que tenho, não quero mais acordar e dormir pensando "Deus, me dá força para continuar que não consigo, cinge meus lombos de força e fortaleça meus braços, eles estão fraquinhos...".
 Não quero mais olhar para meu marido e suspirar de desgosto, quero suspirar como eu suspirava antes, aiaiai, esse é meu amado a quem tanto adoro... Quero ver meus filhos e sorrir e não ver o trabalho que dão... Sem reclamações...







A importância de pedir nota

 Desde que comecei minha saga de economizar dinheiro e cuidar das finanças comecei a pedir nota fiscal. Peço nota fiscal de tudo, tem lugares que reclamam e falam, a minha nota é simles, falo, ok, mas quero mesmo assim para controle do meu orçamento.
 Foi somente através dessas notas que consegui organizar minhas finanças e as finanças da casa. Mesmo que esqueça de lançar algum valor no livro caixa, na hora de passar para a planilha de gastos confiro uma por uma das notas fiscais e acrescento nela. É o melhor senão o único jeito de ter tudo sob controle. Você sai, bate perna o dia todo, pede isso, paga aquilo, joga tudo dentro da bolsa, eu organizo na carteira, mas enfim, está lá guardadinho, depois é só lançar na planilha.
 Esses dias a vendedora da boutique ao lado de casa me ligou. Sabem que eu amo comprar lá, roupas bem feitas, bem cortadas, com tecido bom e preços maravilhosos. Enfim, ano passado fiz a festa na bendita loja e marquei, não quis dar cheque, não tinha o dinheiro à vista e a menina me disse, não, marca aqui, as clientes vip eu marco e olhei no tal caderno e tinha várias que marcavam mesmo, tipo conta, fiado... Bom, me enrolei, mas em março paguei tudinho e para compensar ainda levei mais 2 macacões de lambuja, como se fosse juros. Beleza, depois de março eu estava lindamente feliz por ter acertado tudo na boutique e avisei a menina, só volto quando tiver dinheiro para pagar à vista, não disse a ela sobre o detox, mas isso interessa somente a mim. Esses dias meu telefone toca e era a menina me dizendo, oi mãe consumista, tudo bem, quando você pretende passar aqui para acertar a sua conta? Gente, meu coração saiu pela boca!!!! Oi??? Como assim passar aí para acertar o que??? Se estou desde 1 de junho o primeiro dia do detox sem comprar nada, muito menos comprei para marcar, como assim acertar o que? Ela veio, aquela conta assim, assado e bláblabla. Desculpe te cobrar, eu não gosto, mas a dona pediu, sabe como é, ela olhou meu caderno. Como assim a dona olhou o caderno e você falou para ela que estou devendo? Aliás se eu estivesse te devendo desde ano passado você tinha que ter me cobrado antes né, não esperado até agora, quase um ano depois. Pois se eu acertei tudo, dia tal e tal, assim e assim, dia tal dei tanto e dia 20 de março eu acertei tudo e ainda comprei dois macacões, lembra? Macacão? Hein? Pois é, anotasses aí os dois macacões que eu levei? Um branco e um verde? O verde estava grande, ainda comprei e mandei no alfaiate, nem usei ainda. E o vestido que publiquei na internet e te marquei, achas que eu ia postar foto de vestido sem pagar? Ah, vi que a menina ficou sem graça, disse, não você está certa, eu que não anotei, pois é. Queres que eu leve o recibo aqui assinado por você que eu paguei? Eu passo aí e levo. Queres que eu ligue para a dona? Não, não tudo certo...
  Pois é, armadilhas das pessoas que não gostam de dar nota. Paguei, não peguei a nota fiscal quando comprei porque marquei, mas peguei quando paguei. Sorte. Eu não pagaria de novo, mas se eu não tivesse a nota e anotado tudo no meu livro caixa eu ficaria em dúvida comigo mesma se eu acertei ou não o que eu devia. Assim  que as pessoas se atrapalham com as finanças, elas não anotam, não controlam e vem alguém cobrar duas vezes, elas pagam duas vezes.
  Essa semana foi minha panela de pressão, ela arriou, não sei dizer qual o termo, mas ela não encaixava mais, ficou tudo frouxo o encaixe, levei na assistência técnica, uma Tramontina, por isso gosto de comprar coisas conhecidas e que tenham assistência técnica, chegou lá, a moça me disse que com a nota fiscal saía de graça se estivesse na garantia ainda, e estava pois compramos em fevereiro.  Tudo certo, mandei a nota fiscal por e-mail, vão arrumar, logo mais pego minha panela como novinha. A panela custou mais de 200 reais, o conserto sairia 160, super compensou mandar arrumar e economizei nosso dinheiro.
 Antigamente eu me irritava e jogaria a panela fora e compraria outra, pois dá um trabalho procurar a nota, levar na assistência, buscar, esperar, mas hoje em dia graças ao que estudo sobre economia e graças ao detox estou aprendendo, dinheiro não dá em árvore, é muito difícil ganhar e muito fácil gastar e se você deixa as torneiras abertas com pequenas coisas o dinheiro vai embora, pois é nessas pequenas coisas que nosso dinheiro some da mão sem sabermos.
 Com o dinheiro da panela podemos fazer outras coisas, com 200 reais dá para fazer muita coisa, inclusive guardar...
 Peçam a nota fiscal, sempre, sempre. Sei que venho falando disso a muito tempo e enchendo a paciência com isso, mas é primordial na vida. E não podemos ligar para a cara feia de comerciante que não quer pagar imposto e por isso sonega nota. O fato dele não querer te dar nota e fazer cara feia quando pedimos já mostra que ele quer fazer coisa errada. Antigamente era bonito sonegar, ah, não pede a nota senão ele tem que justificar a venda, Acontece que é para justificar mesmo, é para pagar o imposto mesmo, se não dá conta de pagar os tributos necessários para ter um negócio não tenha meu querido.
 Nem adianta entrar nessas que o imposto no Brasil é um absurdo, que é muito caro e bláblábla, que é verdade , é tudo isso, muito caro, numa compra de mercado que faço de R$695,00; R$224,00 são de imposto, sim, 32,61% são de impostos, acontece que ele está aí e se eu tenho que pagar o imposto o comerciante também tem que pagar o dele. Dai a Deus o que é de Deus e a César o que é de César. Enquanto os tributos forem esse valor você terá que pagar por eles e pronto, tomaram que diminuam, mas teremos que continuar pagando.
 Aliás, quando os brasileiros começarem a se conscientizar e começarem a brigar por seus direitos, sim, nota fiscal é um direito nosso, quando começarmos todos a exigir a nota e todos, digo TODOS pagarem seus devidos impostos com certeza eles irão diminuir, porque eu pago mais porque ciclano e beltrano não pagam, igual o condomínio aqui do prédio, tem um monte de gente safada, ou quebrada, não sei, que não pagam o condomínio, eu e meu marido que pagamos tudo certinho, em dia, às vezes até adiantado estamos tendo que pagar o saldo devedor dos que não pagam... É justo? Nem um pouco, mas assim que é o condomínio que moramos e o condomínio chamado Brasil.
 Pedir nota, exigir a nota, para guardar, controlar suas finanças. Errado não é você pedir porque vai demorar mais o atendimento, errado é quem não quer se dar ao trabalho de te dar um direito seu. Tem cidades que tem até programas de retorno, o cliente pede a nota e depois pode resgatar esse dinheiro de volta.
 Acho muito engraçado que o cliente chega na loja, já aconteceu comigo, na minha época de insanidades, entrava na loja gastava mais de mil reais em calcinha e sutiã e quando eu pedia a nota, Senhor!!! A caixa fazia uma cara de cocô, tipo, que absurdo pedir a nota, como assim, sim, quero a nota, por favor, gosto de anotar tudo que compro. Aí elas fazem aquela cara, me puxam um bloco nojento de 1915, preenchem com aquela má vontade. Graças ao fato de eu pedir nota que comecei a ver o quanto eu gastava com roupas, sapatos, almoços, maquiagem, bolsas.
 Peraí, eu gasto (e pago) mais de mil reais na sua loja e você acha que eu não tenho o direito de pedir minha nota. Faz favor!!!!
Nosso direito, vamos todas exercer nosso direito porque só assim conseguiremos quem sabe baixar um pouco os impostos. Só são assim altos por causa da roubalheira, da sonegação, de todo mundo querer pegar um bocado do que deveria ser da população.
 O cliente não pega nota porque tem vergonha, acha que é brega, o comerciante sonega para tirar uma vantagem, o dinheiro do imposto chega para fazer obras de melhoria, o cara que é responsável por usar esse dinheiro pega a partezinha dele, o outro ficou sabendo pega a sua partezinha para não contar e assim nossa saúde, nossas escolas estão do jeito que estão.
 Nota fiscal sempre!!!!!!!!!!!!!!!!!